ATA DA NONA SESSÃO ORDINÁRIA DA SEGUNDA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA QUINTA LEGISLATURA, EM 22-02-2010.

 


Aos vinte e dois dias do mês de fevereiro do ano de dois mil e dez, reuniu-se, no Plenário Ana Terra do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas e quinze minutos, foi realizada a segunda chamada, respondida pelos vereadores Airto Ferronato, Bernardino Vendruscolo, Dr. Raul, Dr. Thiago Duarte, Elias Vidal, Engenheiro Comassetto, João Antonio Dib, João Carlos Nedel, Luciano Marcantônio, Luiz Braz, Maria Celeste, Nelcir Tessaro, Nilo Santos, Paulinho Ruben Berta, Pedro Ruas, Toni Proença e Waldir Canal. Constatada a existência de quórum, o senhor Presidente declarou abertos os trabalhos. Ainda, durante a Sessão, compareceram os vereadores Adeli Sell, Alceu Brasinha, Aldacir José Oliboni, Beto Moesch, Carlos Todeschini, DJ Cassiá, Ervino Besson, Fernanda Melchionna, Haroldo de Souza, João Pancinha, Marcello Chiodo, Mario Manfro, Mauro Pinheiro, Mauro Zacher, Reginaldo Pujol, Sebastião Melo, Sofia Cavedon, Tarciso Flecha Negra e Valter Nagelstein. Do EXPEDIENTE, constaram os Ofícios nos 029, 224029, 213053 e 215383/10, do Fundo Nacional de Saúde do Ministério da Saúde. Após, por solicitação do vereador João Carlos Nedel, foi realizado um minuto de silêncio em homenagem póstuma à senhora Helga Becker de Mello, falecida no dia de ontem. A seguir, constatada a existência de quórum deliberativo, foi aprovado Requerimento verbal formulado pelo vereador Waldir Canal, solicitando alteração na ordem dos trabalhos da presente Sessão, iniciando-se o período de COMUNICAÇÕES, hoje destinado a assinalar o transcurso do sexagésimo quinto aniversário do Sindicato dos Profissionais de Enfermagem, Técnicos, Duchistas, Massagistas e Empregados em Hospitais e Casas de Saúde do Rio Grande do Sul – SINDISAÚDE/RS –, nos termos do Requerimento nº 003/10 (Processo nº 0325/10), de autoria do vereador Waldir Canal. Compuseram a Mesa: os vereadores Nelcir Tessaro e Bernardino Vendruscolo, respectivamente Presidente e 1º Secretário da Câmara Municipal de Porto Alegre; o senhor João Menezes, Presidente do SINDISAÚDE/RS; e o vereador Engenheiro Comassetto. Em COMUNICAÇÕES, pronunciaram-se os vereadores Waldir Canal e Pedro Ruas. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, pronunciaram-se os vereadores Engenheiro Comassetto e Elias Vidal. Em prosseguimento, o senhor Presidente concedeu a palavra ao senhor João Menezes, que agradeceu a homenagem prestada pela Câmara Municipal de Porto Alegre. Na ocasião, foram registradas as seguintes presenças, neste Plenário: do senhor Carlos Gomes, ex-deputado estadual; da senhora Iara Dagmar Rodrigues Krieger, Delegada Sindical do Hospital Nossa Senhora do Livramento, do Município de Guaíba; e da senhora Ingrid Gregol, Supervisora de Enfermagem do Hospital Ernesto Dornelles de Porto Alegre. Às quatorze horas e cinquenta e nove minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às quinze horas, constatada a existência de quórum. Em COMUNICAÇÕES, pronunciaram-se os vereadores Mauro Zacher, João Pancinha, este em tempo cedido pelo vereador Nelcir Tessaro, Tarciso Flecha Negra, em tempo cedido pelo vereador Nilo Santos, Reginaldo Pujol e Valter Nagelstein, este em tempo cedido pelo vereador Paulinho Ruben Berta. Em GRANDE EXPEDIENTE, pronunciou-se o vereador Engenheiro Comassetto. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, pronunciaram-se os vereadores Luiz Braz, João Antonio Dib, Valter Nagelstein, este pelo Governo, Fernanda Melchionna, Airto Ferronato, DJ Cassiá e Maria Celeste, esta pela oposição. Na oportunidade, o vereador Pedro Ruas formulou Questão de Ordem, retomando Questão de Ordem formulada durante a Quinta Sessão Legislativa Ordinária, referente aos temas a serem abordados em Comunicação de Líder pelo Governo ou pela oposição, tendo o senhor Presidente informado que esse assunto seria analisado na próxima reunião da Mesa  Diretora com o Colégio de Líderes. Após, o vereador Reginaldo Pujol formulou Requerimento verbal, deferido pelo senhor Presidente, solicitando autorização para representar externamente este Legislativo nos atos fúnebres da senhora Helga Becker de Mello, a ocorrerem na tarde de hoje. A seguir, constatada a existência de quórum, foi iniciada a ORDEM DO DIA e foi aprovado Requerimento verbal formulado pelo vereador Bernardino Vendruscolo, solicitando alteração na ordem de apreciação da matéria constante da Ordem do Dia. Em Discussão Geral e Votação, foi apreciado o Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 033/06 (Processo nº 5839/06). Foi aprovada a Emenda nº 01 aposta ao Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 033/06. Foi aprovado o Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 033/06. Em Discussão Geral, 2ª Sessão, esteve o Projeto de Emenda à Lei Orgânica nº 001/08 (Processo nº 2985/08), discutido pelos vereadores Sofia Cavedon, João Antonio Dib, Valter Nagelstein, Aldacir José Oliboni, Carlos Todeschini, Fernanda Melchionna e Toni Proença. Durante a apreciação do Projeto de Emenda à Lei Orgânica nº 001/08, o vereador Luiz Braz cedeu seu tempo de discussão ao vereador Valter Nagelstein. Em Discussão Geral, 2ª Sessão, esteve o Projeto de Emenda à Lei Orgânica nº 002/09 (Processo nº 1520/09), discutido pelos vereadores Carlos Todeschini, Sofia Cavedon e Bernardino Vendruscolo. A seguir, o vereador Carlos Todeschini formulou Requerimento verbal, deferido pelo senhor Presidente, solicitando a retirada do Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 024/07 (Processo nº 7923/07) da priorização para a Ordem do Dia da presente Sessão. Em continuidade, o senhor Presidente declarou encerrada a Ordem do Dia. Em PAUTA, Discussão Preliminar, estiveram: em 1ª Sessão, os Projetos de Lei do Legislativo nos 002/10, 249, 261, 237/09, este discutido pelo vereador Bernardino Vendruscolo e pela vereadora Sofia Cavedon, e 242/09, discutido pela vereadora Fernanda Melchionna; em 2ª Sessão, os Projetos de Lei do Executivo nos 049 e 054/09. Às dezoito horas e quatro minutos, nada mais havendo a tratar, o senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os senhores vereadores para a Sessão Ordinária da próxima quarta-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos vereadores Nelcir Tessaro, Mario Manfro, Mauro Pinheiro e Bernardino Vendruscolo e secretariados pelo vereador Bernardino Vendruscolo. Do que eu, Bernardino Vendruscolo, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata, que, após distribuída e aprovada, será assinada por mim e pelo senhor Presidente.

 

 

 


O SR. PRESIDENTE (Nelcir Tessaro): O Ver. João Carlos Nedel está com a palavra para um Requerimento.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL (Requerimento): Sr. Presidente, solicito um minuto de silêncio em homenagem à Srª Helga Becker Krieger, ontem falecida. Ela era esposa do ex-Presidente do Conselho de Cidadãos Honorários de Porto Alegre.

 

O SR. PRESIDENTE (Nelcir Tessaro): Deferimos o pedido.

 

(Faz-se um minuto de silêncio.)

 

O SR. WALDIR CANAL (Requerimento): Presidente, solicito a inversão da ordem dos trabalhos, colocando, em primeiro lugar, o período de Comunicações e, após, o Grande Expediente.

 

O SR. PRESIDENTE (Nelcir Tessaro): Em votação o Requerimento, de autoria do Ver. Waldir Canal, que solicita a inversão da ordem dos trabalhos, colocando, em primeiro lugar, o período de Comunicações, para que possamos homenagear o 65º aniversário do Sindicato dos Profissionais de Enfermagem, Técnicos, Duchistas, Massagistas e Empregados em Hospitais e Casas de Saúde do RS. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

Registro a presença do ex-Deputado Estadual Carlos Gomes, do PRB. Deputado, seja bem-vindo.

Passamos às

 

COMUNICAÇÕES

 

Neste período, homenagearemos o 65º aniversário do Sindicato dos Profissionais de Enfermagem, Técnicos, Duchistas, Massagistas e Empregados em Hospitais e Casas de Saúde do RS – Sindisaúde/RS. Convido a fazer parte da Mesa o Sr. João Menezes, Presidente do Sindisaúde/RS.

O Ver. Waldir Canal, proponente da homenagem, está com a palavra.

 

O SR. WALDIR CANAL: Sr. Presidente, Ver. Nelcir Tessaro; Sr. João Menezes, Presidente do Sindicato dos Profissionais de Enfermagem, Técnicos, Duchistas, Massagistas e Empregados em Hospitais e Casas de Saúde do RS – Sindisaúde/RS; Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, demais autoridades presentes, senhores representantes da imprensa, senhoras e senhores, eu, primeiramente, gostaria de agradecer a presença das pessoas que aqui representam as suas entidades e vieram prestigiar este momento que, com certeza, é um momento importante, no qual nós queremos prestar esta homenagem a este importante Sindicato do nosso Estado. Este é um momento de honra para mim e para esta Casa Legislativa.

Peço licença a todos para, com muita satisfação, prestar homenagem ao Sindicato dos Profissionais de Enfermagem, Técnicos, Duchistas, Massagistas e Empregados em Hospitais e Casas de Saúde do RS – o nosso conhecido Sindisaúde -, que, no dia 31 de janeiro, completou 65 anos a serviço dos funcionários de hospitais privados, públicos, beneficentes, religiosos e filantrópicos, de clínicas, laboratórios, consultórios médicos, odontológicos e psicológicos, além de profissionais autônomos do setor.

Atualmente, o homenageado responde pelo efetivo de 70% da força de trabalho que mantém os hospitais e as instituições de Saúde do Estado em atividade, representa 40 mil trabalhadores e oito mil associados que contribuem por nós e por tantas outras pessoas que necessitam de atendimento na área da Saúde.

O Sindisaúde nasceu da necessidade de mobilização dos servidores da Saúde, por uma gente que sabe que, sem esforço em equipe, não há conquistas. Constituído em 31 de janeiro de 1945, sempre ousou afrontar a realidade e estabelecer o confronto de ideias numa sociedade ainda alimentada por desigualdades sociais. Assumiu o desafio de trabalhar para levar dignidade às pessoas que cuidam de nossas famílias, estimulando princípios éticos e aptidões voltadas ao trabalho.

Há 65 anos, foi plantada a semente para uma organização geradora de exemplos de coletivismo e amor à categoria. Entre as principais mobilizações, podemos lembrar a greve no Grupo Hospitalar Conceição, em 1988, que durou 30 dias, de que participaram, unidos, médicos, enfermeiros, farmacêuticos, auxiliares de enfermagem, o pessoal da higienização, nutrição, manutenção e administrativos, entre outros trabalhadores. Na ocasião, houve até a invasão da polícia de choque nas dependências do Grupo Hospitalar Conceição com o objetivo de coibir o movimento grevista que lutava, principalmente, pela reposição da URP nos salários dos funcionários.

No decorrer dos anos, o Sindisaúde modificou o seu perfil, passando a ser um Sindicato atuante na defesa dos trabalhadores da Saúde e do Sistema Único de Saúde - SUS. Em razão disso, alcançou importantes conquistas para a categoria, tais como a garantia do repasse anual da inflação com aumento real nas campanhas salariais, a retomada de fechamento de convenções coletivas e a extinção do banco de horas na rede filantrópica, além do assento nos Conselhos Estadual e Municipal de Saúde.

Em 2009, os trabalhadores da Saúde conquistaram, com a ajuda do Sindisaúde, uma série de lutas que contribuiu para o fortalecimento da categoria. Como exemplo, podemos mencionar o apoio aos funcionários da Ulbra em sua guerra pela manutenção dos empregos e pela reabertura dos hospitais Independência e Luterano, para restabelecer o atendimento à população. Ressaltamos, ainda, as mobilizações e assembleias pela manutenção da jornada de 12X36 na Convenção Coletiva de 2009, bem como a ampliação de auxílio à categoria em Sapucaia do Sul, Guaíba, Lajeado, Livramento e São Gabriel.

Ao longo dos anos, o Sindicato vem participando ativamente de debates nesta Casa Legislativa e também na Assembleia Legislativa gaúcha, contribuindo com a fiscalização e a melhoria de projetos na área da Saúde, sendo que, por incontáveis vezes, tivemos a oportunidade de ver o Presidente João Menezes palestrando, participando, ou mesmo denunciando abusos cometidos por autoridades civis e públicas.

Manifestamos hoje o nosso reconhecimento a todos os Diretores, Presidentes Regionais e Conselheiros do Sindisaúde, que têm dedicado o seu tempo e o seu suor em prol da categoria.

Há tempo presenciamos o trabalho dos senhores e das senhoras à frente desta entidade que faz parte da vida de todos os profissionais da área da Saúde e, por que não dizer, da vida de todos os gaúchos. O Sindisaúde, pelo que nós acompanhamos e temos visto, tem lutado incansavelmente, na pessoa do seu Presidente, Sr. João Menezes, dos Diretores, do pessoal que compõe a Diretoria, no sentido de fortalecer e buscar melhor qualidade de vida para os seus associados, qualidade de trabalho, isso tem sido a pauta da luta do Sindisaúde.

Portanto, quero aqui homenagear, em nome da Câmara de Vereadores, em meu nome, em nome de todos os que nos ajudaram, nos auxiliaram na formação deste momento importante, o Sindisaúde. Quero destacar que, na semana passada, na Assembleia Legislativa, o Sindisaúde foi homenageado pelo Deputado, sempre Deputado, Carlos Gomes, do PRB, que pôde ali homenagear esse Sindicado por esta luta histórica de 65 anos. E aqui eu quero registrar a presteza do trabalho do Deputado Carlos Gomes em oferecer essa homenagem para esse valoroso Sindicato que tem lutado incansavelmente. Portanto, quero deixar aqui o meu agradecimento por esta oportunidade, e que Deus abençoe a todos. Muito obrigado, que a luta de vocês seja cada vez mais reconhecida e que vocês possam alcançar êxito nessa luta.

 

A Srª Sofia Cavedon: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nós queríamos nos somar, enquanto Bancada do Partido dos Trabalhadores, à homenagem ao Sindisaúde, especialmente ao representante João Menezes. Nós acompanhamos a brava luta em vários momentos do Sindisaúde, uma das lutas foi o combate ao Instituto Sollus e a esse convênio que o Sindisaúde era um dos que gritavam que seria desastroso para a Prefeitura, e isso se mostrou verdadeiro. É um Sindicato que sabe enxergar o contexto e lutar junto com os demais trabalhadores, não apenas pelas questões corporativas. Parabéns, longa vida, muita combatividade!

 

O SR. WALDIR CANAL: Muito obrigado, Verª Sofia. Então, com essas palavras, eu passo para o Presidente. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Nelcir Tessaro): Obrigado, Ver. Waldir Canal, proponente desta homenagem.

Quero registrar a presença da Srª Iara Dagmar Rodrigues Krieger, Delegada Sindical, do Hospital Nossa Senhora do Livramento, de Guaíba, e a Srª Ingrid Gregol, Supervisora de Enfermagem do Hospital Ernesto Dornelles de Porto Alegre. Tendo em vista o meu comparecimento à cerimônia de lançamento do Portal Transparência Porto Alegre, na Prefeitura Municipal, passo a presidência dos trabalhos ao Ver. Bernardino Vendruscolo.

 

(O Ver. Bernardino Vendruscolo assume a presidência dos trabalhos.)

 

O SR. PRESIDENTE (Bernardino Vendruscolo): O Ver. Pedro Ruas está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. PEDRO RUAS: Meu caro Presidente, Ver. Bernardino Vendruscolo; caro João Menezes, nosso Presidente do Sindicato - homenageado no dia de hoje - dos Profissionais de Enfermagem, Técnicos, Duchistas, Massagistas, Empregados em Hospitais e Casas de Saúde; meu caro Ver. Waldir Canal, que propôs, com muita justeza, a homenagem ao 65º aniversário do Sindicato; Vereadoras, Vereadores, público que nos dá a honra da presença, eu falo em meu nome e em nome da Verª Fernanda Melchionna, meu caro Presidente João Menezes, para dizer do nosso reconhecimento pela passagem desta data tão significativa. E falo também, com muita honra, em nome do Ver. João Antonio Dib, do PP; do Ver. Airto Ferronato, do PSB; do Ver. Luiz Braz, do PSDB. Sabemos, Presidente João Menezes, de tudo o que significa o Sindisaúde ao longo dos anos para os trabalhadores da categoria profissional específica que representa, mas, também, para o conjunto dos trabalhadores gaúchos. Essa história de 65 anos é marcada por diversas passagens das mais significativas, e um relato importante delas foi feito pelo Ver. Waldir Canal há pouco. E nós tivemos, Presidente João Menezes, a oportunidade, nós, do PSOL - a Verª Fernanda Melchionna, a Deputada Luciana Genro, eu, Roberto Robaina -, de estar junto com o senhor em lutas recentes importantes, em relação, principalmente, ao Grupo GHC. E estivemos, lado a lado, ao longo dos anos, em muitas lutas em que foram propostos e necessários o enfrentamento com a categoria econômica e o enfrentamento com os patrões.

Eu tive a honra, Presidente Menezes, de ser, durante alguns anos, de 1984 até 1990, se não me engano, advogado trabalhista credenciado pelo Sindicato e atuei na Justiça do Trabalho, como o meu escritório faz até hoje, muitas vezes em defesa do Sindicato e dos integrantes específicos da categoria profissional. Acho que, para nós, é importante registrar esses 65 anos como algo que, além do exemplo, aponta para o futuro. Nós não temos, e isso é impossível de se obter em qualquer luta, uma convergência absoluta nas opiniões sobre cada momento, cada conjuntura, mas temos um profundo respeito pela entidade que o senhor preside e que as companheiras e os companheiros, muitos dos quais estão aqui, integram e representam. Sabemos da importância cada vez maior do Sindisaúde na vida dos trabalhadores do setor da
Saúde e, por consequência, da população como um todo. Vale o registro, de novo, do Hospital Conceição. Cada vez que temos alguma mobilização que diga respeito aos trabalhadores da Saúde, nós estamos tratando, na verdade, é da população de Porto Alegre, da Grande Porto Alegre e do nosso Estado.

Este registro, portanto, se faz necessário, com o nosso respeito e o nosso compromisso. Todas as entidades de trabalhadores – todas - que representam, efetivamente, de verdade, os trabalhadores, como é o caso do Sindisaúde, merecem o nosso respeito, a nossa admiração, a nossa combatividade conjunta, a nossa solidariedade. E nós temos tido essa linha ao longo dos anos de existência do nosso Partido, o PSOL, e queremos continuar exatamente assim, porque sabemos que este 65º aniversário, Presidente João Menezes, certamente será seguido por muitos outros aniversários, e, cada vez mais, haverá motivos para relembrar e para registrar a importância do Sindisaúde.

 

O Sr. Dr. Raul: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Pedro Ruas, eu venho me somar ao que já foi falado aqui pelos meus colegas, e quero agradecer pela iniciativa do Ver. Canal, pelo seu pronunciamento. Quero dizer que eu, nos meus mais de 30 anos de Medicina, em muitos deles, pude acompanhar o trabalho guerreiro, dia a dia, a luta nas próprias Unidades de Saúde, desde a menor Unidade de Saúde até as grandes lutas da Saúde, e aqui homenageio, através do João Menezes, o Sindisaúde pelos seus 65 anos. A luta tem que ser persistente, a gente tem que estar sempre batalhando pelas boas causas, e, sempre que pudermos, com certeza, estamos e estaremos juntos.

 

O SR. PEDRO RUAS: Obrigado, Ver. Dr. Raul, trabalhador do setor também, na condição de médico, e que conhece bem o tema.

 

O Sr. Dr. Thiago Duarte: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Muito obrigado, Ver. Pedro Ruas, quero, também, me solidarizar com esta homenagem proposta pelo Ver. Waldir Canal. Parabéns, Ver. Waldir Canal, e que possamos, nessa luta que é também do Sindisaúde, realmente defender os trabalhadores e reconhecer o seu tão altivo trabalho e a necessidade do seu trabalho que é tão importante para a manutenção de vidas humanas. Obrigado, Vereador.

 

O SR. PEDRO RUAS: Obrigado, Ver. Dr. Thiago, também da Saúde, médico que conhece bem o tema.

 

O Sr. Toni Proença: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Pedro Ruas, muito obrigado pelo aparte. Eu quero também saudar o Presidente dos trabalhos, Ver. Bernardino Vendruscolo; o João Menezes, Presidente do Sindisaúde, e o Ver. Waldir Canal, pela iniciativa muito oportuna de homenagear o trabalho do Sindisaúde que, ao longo dos seus 65 anos, não só, como bem disse V. Exª, atuou na defesa dos interesses dos trabalhadores de Saúde do Estado, não só, como disse o Ver. Waldir Canal, teve uma brilhante história em vários momentos desses 65 anos, mas, principalmente, esteve sempre na defesa da qualidade dos serviços de Saúde entregues à população do Estado, não só os serviços públicos como, também, os privados. Esse sindicato tem, além da sua função precípua de defender os interesses dos trabalhadores sindicalizados, esse viés de defender - principalmente um sindicato que abriga trabalhadores de Saúde - os interesses da população que é atendida por esses trabalhadores e pelo serviço de Saúde no Rio Grande do Sul. Parabéns a vocês! E, mais do que isso, ainda ajuda a fiscalizar os serviços públicos no Rio Grande do Sul e na nossa Cidade. Parabéns ao Sindicato, parabéns a V. Exª pelo seu pronunciamento e parabéns ao Waldir Canal pela iniciativa.

 

O SR. PEDRO RUAS: Obrigado, Ver. Toni Proença. Concluo, Sr. Presidente, fazendo o registro de que, em muitos setores, em muitas áreas, em diversas categorias profissionais, a condição do trabalho, do exercício profissional tem uma relação direta com aquilo que o Ver. Proença falou há pouco, que é a qualidade da prestação dos serviços. Quando nós falamos em Saúde, isso, então, pode se tornar a diferença fundamental, em termos estatísticos, naquilo que nós podemos considerar uma boa, média ou uma má prestação de serviços. Cada vez que se luta por um direito do trabalhador da Saúde, luta-se, na verdade, de forma indireta, mas absolutamente concreta, pelos direitos da população como um todo. Fica, assim, o nosso registro, o nosso agradecimento, o nosso incentivo, Presidente Menezes, para que essa luta continue com o apoio de todos nós, Vereadores, e, particularmente, nós, eu e a Verª Melchionna, Vereadores do PSOL. Obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Mauro Pinheiro): O Ver. Engenheiro Comassetto está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. ENGENHEIRO COMASSETTO: Sr. Presidente, colega Ver. Mauro Pinheiro; quero iniciar aqui cumprimentando o colega Waldir Canal, o Sindicato da Saúde, na figura do seu Presidente João Menezes e de todos que compõem aquela Diretoria, bem como as suas relações de base, pelos seus 65 anos na luta pela qualidade da Saúde pública de Porto Alegre e do Rio Grande do Sul. E quero fazer esta homenagem em nome da Bancada do Partido dos Trabalhadores trazendo e relembrando algumas referências da qualidade, da postura e da assiduidade que o Sindicato da Saúde tem tido, principalmente no relacionamento com esta Casa, na luta pela Saúde pública de Porto Alegre. Neste momento, a população brasileira exige que os recursos para a Saúde sejam bem aplicados, que a responsabilidade federativa da União, do Estado e do Município seja cumprida constitucionalmente. E aí, meu prezado colega Ver. Waldir Canal, nós temos recebido aqui nesta Casa, diariamente, o espelho com os repasses dos recursos públicos do Governo Federal para a Saúde de Porto Alegre. Temos aqui, hoje, 32 milhões de reais do Governo Federal destinados ao Município para aplicar na Saúde. O Sindicato da Saúde tem tido a altivez de ajudar a fiscalizar a aplicação desses recursos, bem como tem ido a público cobrar do Governo do Estado o cumprimento constitucional do repasse. Hoje a Governadora Yeda deve em torno de 52 milhões de reais à Saúde de Porto Alegre. O Sindicato tem se feito presente nessa luta.

Em julho de 2007, o Sindicato da Saúde esteve aqui nesta Casa, junto com o Conselho Municipal da Saúde, lutando para que os 731 funcionários dos PSFs não fossem demitidos, quando o Município rompeu o acordo com a FAURGS e não ouviu o Sindicato naquele momento, que recomendava pela não contratação do Instituto Sollus. E aqui, nesta Casa, o Sindicato da Saúde se manifestou naquele momento. Logo após isso, em agosto de 2007, quando a Secretaria Municipal da Saúde anunciou a contratação da OSCIP - o Instituto Sollus -, o Sindicato da Saúde foi a público, junto com as outras entidades que compõem o Conselho Municipal da Saúde, e disse: “Não façam isso, porque isso não faz bem à Saúde de Porto Alegre.” Isso foi realizado pela gestão pública de Porto Alegre, foi realizada a contratação.

Ainda em setembro de 2007, o Sindicato da Saúde, junto com as demais entidades, encaminhou ao Tribunal de Contas um documento pedindo a fiscalização da aplicação dos recursos públicos na Saúde em Porto Alegre. Por força da atuação dessa entidade, em conjunto com as demais, o Ministério Público, naquele mesmo novembro de 2007, elaborou um documento e encaminhou ao Exmo Sr. Prefeito Municipal, pedindo, recomendando e determinando que rompesse com o Instituto Sollus e que corrigisse já os desvios encontrados na aplicação dos recursos públicos da Saúde em Porto Alegre, trabalho esse construído por esse Sindicato, dentro dessa sua gloriosa caminhada dos 65 anos.

E aí vai! Poderia dizer todas as datas de 2007 e de 2008 em que o Sindicato estive aqui nesta Casa. Mas relembro que, no final de 2008, mais precisamente em dezembro de 2008, novamente na iminência de os funcionários ficarem sem emprego, estava aqui o Sindicato da Saúde. O Sindicato, junto com o Conselho Municipal da Saúde, buscou, junto ao Ministério Público, que o Executivo Municipal mandasse para esta Casa um projeto de lei, até o mês de março de 2007, para fazer a contratação de todos os quadros para os Postos de Saúde da Família. Transcorreram mais de dois anos. Por pressão desta entidade e das demais, no final do ano passado, fizemos um grande debate de novo e aprovamos o projeto de lei que deu a continuidade ao serviço da Saúde da Família.

O Sindicato vem defendendo a expansão dos PSFs em Porto Alegre, expansão essa que não tem ocorrido na prática. O Sindicato vem defendendo a equiparação do salário dos enfermeiros com o piso salarial de mercado e das demais categorias.

Quando o Ministério Público anunciou, na semana passada, que está encaminhando um processo de improbidade administrativa ao Executivo Municipal, ao Prefeito José Fogaça, pelo desvio de 9,6 milhões de reais da Saúde, quem está à frente dessa bandeira publicamente, de peito aberto, é o Sindicato da Saúde, aqui representado pelo Presidente João Menezes. Um abraço do Partido dos Trabalhadores, continuem essa luta, contem com os aliados aqui desta Casa, para que possamos fazer com que nenhum centavo dos recursos da Saúde seja perdido. E que os profissionais sejam valorizados, pois a sociedade merece o que a Constituição diz: saúde para todos. Um grande abraço. (Palmas.)

(Não revisado pelo orador.)

O SR. PRESIDENTE (Mauro Pinheiro): O Ver. Elias Vidal está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. ELIAS VIDAL: Sr. Presidente, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, João Menezes, Presidente do Sindisaúde; Ver. Waldir Canal, proponente desta homenagem; lideranças da área da Saúde que se encontram nesta Casa, eu quero agradecer ao meu Líder de Bancada, Ver. Paulinho Ruben Berta, ao Ver. Toni Proença, mas especialmente ao Ver. Paulinho, que me cedeu este tempo de Liderança. Eu vou fazer aqui duas considerações. Eu gostaria de fazer somente uma, a outra eu gostaria de não ter que fazer, mas, infelizmente, o destino não me permite não fazê-la.

A minha família está muito triste nesses últimos seis dias. No feriado de terça-feira da semana passada, morreu uma sobrinha minha, na Suíça, e ainda não foi sepultada. Foi encontrada três dias depois de falecida. Ela morava na Suíça há uns 20 anos. Como ela não apareceu para trabalhar durante três dias, sua residência foi arrombada, e foi constatado que havia três dias que ela estava morta. A minha família está se deslocando para lá. A irmã dela que mora na África está indo hoje para a Suíça, onde deve haver o sepultamento na quarta-feira. Ela tinha 42, 43 anos.

Quando eu tinha 13 anos, minha irmã me levou para morar no Rio de Janeiro, para cuidar de duas sobrinhas, uma delas é essa que morreu. Ela fumava muito, muito e já tinha tido duas crises de falta de ar muito sérias, já tinha contraído enfisema pulmonar. Por que é que eu falo isso? Porque aqui estamos num grupo de homens e mulheres que cuidam da saúde, que trabalham pela saúde. Eu sou auxiliar de enfermagem, trabalhei alguns anos em alguns hospitais e sei bem da luta de vocês.

O que me entristece é que uma pessoa com 42 anos, fluente em alemão, italiano, francês, inglês e português, não está mais viva. Está num necrotério, aguardando para ser sepultada. E o diagnóstico foi enfisema pulmonar. Ela teve uma crise muito grande, com falta de ar e uma parada. E morava sozinha, porque a filha de 15 anos morava com o pai, e a outra já morava sozinha.

Muitas pessoas que conhecemos fumam, temos alguns colegas que fumam, algumas das pessoas que estão aqui hoje fumam. E eu fico pensando, com muito carinho, com muito amor: não está na hora de parar de fumar? Não está na hora de nos engajarmos num projeto maior, porque o cigarro mata mais de 200 mil pessoas por ano? E a maior causa de morte evitável no planeta é o cigarro.

Já que estamos num grupo, Ver. Canal, que tão sabiamente trouxe o Sindicato aqui, eu queria dizer isso. E digo com muita dor, porque eu perdi uma sobrinha de quem eu cuidei quando ela era criança. Aos 14 anos, eu até fazia comida para ela e para a outra. Eu a levava para a escola. E hoje, aos 42 anos, ela não vive mais. Então, você que está me ouvindo, ponha a mão na consciência; você, que sempre faz um plano e outro para parar de fumar, e vai passando o tempo, e o corpo vai se fragilizando, enfraquecendo, e as doenças vão se avolumando. Eu quero deixar, muito mais para o Sindicato, esta bandeira, esta luta na saúde que é um problema social muito grave e que traz muitos problemas também para os cofres públicos. Mas, pior do que isso, é o que traz para as famílias. Quantas pessoas estão morrendo e não precisavam morrer? Quantas pessoas estão faltando e não precisavam faltar?

Eu quero parabenizar o Ver. Nedel, que articulou uma lei para restringir o ambiente de fumantes. E eu acho que tem que haver mais conscientização por parte de todos nós de que o cigarro mata. Está aí a prova, eu estou com uma sobrinha morta e não precisava estar. Isso não é o destino, a pessoa é que provoca. Tem casos em que nós provocamos a morte, nós chamamos a morte. E, depois, a gente diz: “Foi Deus que quis.” Deus não quis coisa nenhuma, Deus quer é saúde! E é o que eu desejo a todos vocês. Saúde e paz, como diz o meu querido Ver. João Dib. Obrigado.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Mauro Pinheiro): O Sr. João Menezes, Presidente do Sindisaúde, está com a palavra.

 

O SR. JOÃO MENEZES: Boa-tarde, Vereadores, boa-tarde colegas, dirigentes sindicais, delegados sindicais e todos que aqui se encontram para receber esta homenagem da Câmara de Vereadores de Porto Alegre. O Sindisaúde se sente muito honrado com esta homenagem, agradece ao Ver. Mauro Pinheiro, ora Presidente, em nome de todos os Vereadores aqui presentes, e ao Ver. Waldir Canal, proponente desta homenagem.

Na semana retrasada, também fomos homenageados pela Assembleia Legislativa, recebendo o reconhecimento do povo gaúcho. E hoje recebemos o reconhecimento do povo porto-alegrense, representado aqui pelos Vereadores e por esta Casa. Devo dizer que me sinto bem mais à vontade hoje, aqui na Câmara de Vereadores, pois com vários Vereadores o Sindisaúde já tocou frentes em defesa dos trabalhadores, por vários momentos já tivemos embates em que houve a parceria do Ver. Oliboni, do Ver. Comassetto, do Ver. Dr. Thiago, do Ver. Pedro Ruas, do Ver. Dr. Raul, das Vereadoras Maria Celeste e Sofia Cavedon. Então, foram vários os momentos em que esta Casa foi parceria do Sindisaúde, e, se outros não tiveram a oportunidade, é porque, naquele momento, esses Vereadores estiveram ao nosso lado e nos ajudaram.

Quero dizer que o Sindisaúde se sente extremamente honrado, e eu gostaria de, neste momento, contar um pouco da história, rapidamente, fazer um breve histórico do Sindisaúde. É uma entidade que foi fundada em 1945 e que, por um longo tempo, esteve na obscuridade, esteve sob intervenção do Estado. E, por esse motivo, deixou de participar dos vários momentos nacionais de transformação deste País, como, por exemplo, o Diretas Já, o impeachment do Collor, a fundação das centrais sindicais. Nesses momentos, os trabalhadores da Saúde não tiveram a oportunidade de ter o Sindicato à frente, junto com os demais, como esteve o Sindicato dos Bancários, o Sindicato dos Metalúrgicos, mas nem por isso o Sindisaúde deixou de continuar a luta em defesa dos trabalhadores. Nesse tempo em que sofreu intervenção, por sorte, tivemos à frente da entidade uma pessoa que devo citar, que é a auxiliar de enfermagem Eni Bahia, que segurou, durante essa intervenção, por longos anos, o Sindicato para os trabalhadores. E nesse tempo ela ainda conseguiu, além de manter o Sindicato nas mãos dos trabalhadores, adquirir o patrimônio para o crescimento do Sindicato. Quando da abertura, do término da intervenção, o Sindicato infelizmente parou nas mãos de uma gestão que não foi muito favorável aos trabalhadores, e, durante nove anos, mesmo com a abertura, continuou na obscuridade e não marcou presença nas lutas pela Saúde. A partir de 1995, e aqui eu gostaria de registrar, mesmo com a ausência do Ver. Oliboni, a participação desse Vereador naquele momento fundamental, quando um grupo de trabalhadores se dispôs a fazer a mudança do Sindisaúde e a transformá-lo no sindicato forte que é hoje. A partir de 1995, esse grupo de trabalhadores que reunia trabalhadores de três associações - a Associação do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, a Associação do Grupo Hospitalar Conceição e a Associação do Hospital da PUC -, com seus presidentes, com suas diretorias, provocou e levantou um movimento de oposição àquela gestão que há nove anos estava lá, da Srª Mara Menegon. E não quero aqui também desprezar demais, porque, mesmo assim, ela ainda construiu também, na sua gestão, o patrimônio do Sindisaúde, mas, infelizmente, pecou na questão das lutas. Esse movimento de oposição que se levantou a partir de 1995 durante três anos se reuniu na Federação dos Trabalhadores da Saúde, buscando estratégias para fortalecer o movimento e ganhar o Sindisaúde. Nesses três anos, conseguimos fazer com que a categoria soubesse que tinha um Sindicato e que esse Sindicato era importante para eles. E assim conseguimos, Vereadores, com essa luta estrategicamente elaborada, estrategicamente travada contra aquela gestão que não trazia benefícios para os trabalhadores, ganhar o Sindisaúde. E posso dizer que, a partir de 1995, o Sindisaúde tomou seu rumo, ficou conhecido pelos trabalhadores da Saúde e se engajou nas lutas do movimento sindical junto com os demais sindicatos.

Mil novecentos e noventa e cinco foi o ano em que elegemos Marilene Schlee, que é outra pessoa que deve ser citada e homenageada, pois foi a partir da sua gestão, conquistando o Sindisaúde, que ele começou a crescer, mesmo que, na sua primeira gestão, ela só tenha podido pagar as contas do Sindicato. Encontramos um sindicato financeiramente quebrado, com poucos recursos financeiros, mas a Marilene, com toda a sua honestidade e com toda a sua capacidade, conseguiu o equilíbrio financeiro do Sindisaúde, e hoje ele é o que é.

Depois disso nós, enquanto grupo de trabalhadores dessas três associações, em nosso firme propósito de levar o Sindisaúde à posição que deveria ocupar, que é de liderança diante dos trabalhadores da Saúde, seja de Porto Alegre, seja deste Estado, continuamos a luta e hoje estamos, nesta direção, recebendo estas homenagens que consideramos justas, tanto da Assembleia Legislativa quanto da Câmara de Vereadores, pelo trabalho que se fez. Hoje podemos dizer que o Sindisaúde, na sua linha de trabalho que não é mais de embate ou de chute na porta dos hospitais, mas de diálogo, conversa e negociação, muitas vezes com os trabalhadores paralisados na frente dos hospitais totalmente em greve, em vez de brigar com as direções dos hospitais, as convida para irem juntos ao gestor público nas três esferas, se necessário, para buscar a solução, para viabilizar a continuidade daquele hospital. E aí não lutamos mais, então, só pelos trabalhadores, pela qualidade de vida dos trabalhadores, mas, também, para manter o hospital aberto e dar qualidade de assistência aos usuários daquele hospital. Foi assim no Hospital Nossa Senhora das Graças, foi assim no Vila Nova, foi assim no Beneficência Portuguesa. São três exemplos de que hoje somos testemunhas - todos nós! – para dizer que aquela luta valeu, pois hoje esses hospitais mantêm um equilíbrio financeiro que, pelo menos, impede que aquelas situações que outrora vivemos de várias greves, de várias situações de miséria para o trabalhador se repitam. É certo que as dificuldades ainda existem, porque ainda a Saúde não é tratada pelo gestor público como investimento, mas como gasto, e essa filosofia tem que mudar. E aí temos que admitir que as três esferas são responsáveis. A União, de sua parte, não traz, na tabela do SUS, um valor correto, que venha dar equilíbrio para esses hospitais; o Estado também não está investindo o que deveria investir; os Municípios ainda, por sua vez, são os que mais investem, porém, colocam alguns quesitos no seu investimento que não condizem com a aplicação na Saúde. E é por isso que o Sindisaúde faz essa luta e busca, dentro da negociação e do diálogo com o gestor público e com as administrações dos hospitais, uma qualidade de vida para os trabalhadores e para a assistência à saúde da população de Porto Alegre e da população deste Estado.

Então, Srs. Vereadores, mais uma vez, eu quero dizer que o Sindisaúde sente-se muito honrado com esta homenagem hoje feita aqui na Câmara de Vereadores e há duas semanas na Assembleia Legislativa. Isso, para nós, é sinal de que estamos no caminho certo, de que estamos fazendo a briga que deve ser feita por parte dos dirigentes sindicais. E desejamos que esta Casa sempre seja parceira do Sindisaúde com as suas representações em todas as lutas que vimos fazendo, que sempre priorizam o atendimento ao usuário do Sistema Único de Saúde, a valorização do Sistema Único de Saúde e a defesa dos trabalhadores da Saúde, porque esses trabalhadores estão adoecendo e precisam, sim, da nossa ajuda e do nosso apoio. Esse é o desejo do Sindisaúde-RS, que, em 31 de janeiro de 2010, completou 65 anos de existência com muita luta, com muita garra e, pelo que tudo indica, no rumo certo.

Em nome dos Diretores aqui presentes, em nome dos trabalhadores da Saúde aqui presentes, dos nossos familiares que vieram prestigiar esta homenagem, o nosso muito obrigado ao Presidente Mauro Pinheiro, ao proponente, Ver. Waldir Canal; e aos Vereadores desta Casa. Obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Mauro Pinheiro): Agradecemos, então, a presença das senhoras e dos senhores e damos por encerrada esta homenagem...

 

O SR. JOÃO MENEZES: Vereador, desculpe! Por várias vezes eu citei a homenagem feita pela Assembleia Legislativa, e devo registrar que o seu proponente foi o Deputado Carlos Gomes. O nosso agradecimento, mais uma vez. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE (Mauro Pinheiro): Feito o registro, damos por encerrada esta homenagem ao 65º aniversário do Sindicato dos Profissionais de Enfermagem, Técnicos, Duchistas, Massagistas e Empregados em Hospitais e Casa de Saúde do RS - o Sindisaúde. Suspendemos os trabalhos para as despedidas.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 14h59min.)

 

O SR. PRESIDENTE (Mauro Pinheiro – às 15h): Estão reabertos os trabalhos da presente Sessão. Retomamos o período de Comunicações. O Ver. Mauro Zacher está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. MAURO ZACHER: Sr. Presidente, Ver. Mauro Pinheiro; Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, público que nos acompanha nas galerias, volto a esta tribuna para falar de um assunto do qual já falei por diversas vezes. Faço isso, porque a gente começa a enxergar que a nossa busca, que a nossa luta – e esta nossa luta tem a parceria de vários Vereadores - está completamente em consonância com aquilo que todos os técnicos, engenheiros e estudiosos do assunto têm afirmado, que é a implementação desse modelo de mobilidade das ciclovias. Nós tivemos, no ano passado, a responsabilidade de aprovar, e, de fato, ficaram muitas dúvidas em relação ao Plano Diretor Cicloviário. Um Plano bastante audacioso, e, na verdade, o que mais nos preocupava era a possibilidade de implementar um Plano de 495 quilômetros para a cidade de Porto Alegre. É, sem dúvida, imaginar algo muito longe de acontecer num futuro próximo, tamanhas as dificuldades e a necessidade da criação, na verdade, de uma cultura do uso da bicicleta. Mas a Prefeitura, através do Prefeito Fogaça, acerta quando, aos poucos, vai incrementando esse Plano Diretor Cicloviário justamente naquelas regiões e com aquela parcela da população que já usa a bicicleta como meio de transporte diário, como é o caso de vários trabalhadores da nossa Cidade que se concentram lá no Extremo Sul, em especial na Restinga, e, também, na Zona Norte de Porto Alegre.

E hoje nós temos, às 19 horas, o início das obras, Ver. João Dib, V. Exª que tem sido um duro crítico em relação à implementação das ciclovias em Porto Alegre. Eu falo disso com muita alegria, porque sei que isso é fruto de uma caminhada de todos nós, daqueles que sabem das dificuldades e por isso criticam duramente e, ao mesmo tempo, de nós, ativistas desta política para a Cidade.

 

O Sr. Dr. Raul: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Mauro Zacher, é com satisfação que eu faço este aparte em função do seu trabalho em relação às ciclovias, que a gente acompanha desde o mandato anterior. Sabemos da sua luta para a implantação das ciclovias na nossa Capital e estamos sempre juntos nas lutas que envolvam o esporte, a mobilidade urbana e o que é melhor para todos nós, com uma qualidade de vida melhor para a nossa Cidade.

 

O SR. MAURO ZACHER: Muito obrigado, V. Exª tem sido sempre um grande parceiro.

O Sr. João Antonio Dib: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Ver. Mauro Zacher, o meu sonho de criança era ter uma bicicleta; infelizmente, o meu sonho não foi realizado. Mas eu continuei gostando de bicicleta, assim como eu vi ciclovias na cidade de Campo Bom. Agora, ciclovia no papel, essa não me comove. Ciclovia, Plano Cicloviário, isso deveria estar dentro de um Plano Viário. Se nós não temos um Plano Viário, como nós vamos fazer um Plano Cicloviário?

 

O SR. MAURO ZACHER: Sempre as suas colocações são muito importantes para contribuir com o debate, Ver. João Dib. É evidente que o planejamento é algo fundamental em qualquer centro urbano, como a cidade de Porto Alegre e as demais Capitais. No momento em que se tem primeiro um Plano Diretor Cicloviário e, ao mesmo tempo, se há uma demanda grande de ciclistas que estão hoje circulando de maneira muito insegura, se aventurando pela cidade de Porto Alegre, com bicicletas mal sinalizadas, em espaços ruins de trânsito, essa é uma preocupação que todos nós temos que ter, porque é bem possível que acidentes estejam acontecendo diariamente, e nós não ficamos sabendo. Mas aqueles que são ativistas, que militam na área - e eu posso me incluir nesse quadro - sabem a importância e o significado que tem o início dessa obra. É uma obra complexa, e eu acho que Porto Alegre tem tido a capacidade de planejar, através de um Plano Diretor Cicloviário, de fazer um debate importante para a implementação e também tem tido a tranquilidade de construir na medida que é possível.

 

A Srª Sofia Cavedon: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu quero fazer aqui um registro: eu perdi um professor de natação maravilhoso e jovem, o Profº Guimarães, que andava de bicicleta aqui, à beira do Guaíba, e caiu. Ali tinha espaço, mas, pelo jeito, ele se desequilibrou entre a via das bicicletas e a via dos carros. Então, eu acho que nós temos que ter um olhar – V. Exª tem se dedicado muito a isso - muito cuidadoso em relação a esse tema, porque nós temos visto várias fatalidades. De fato, a nossa Cidade é muito conflagrada no trânsito. Então, não basta fazer ou marcar, nós precisamos garantir a segurança nessa convivência automóvel/bicicleta.

 

O SR. MAURO ZACHER: Muito obrigado, Verª Sofia. Eu quero finalizar dizendo que, embora modestos, a gente sabe o significado e a importância da construção desses 4,6 quilômetros de ciclovias na área da Restinga. Muito obrigado.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Mario Manfro): O Ver. João Pancinha está com a palavra em Comunicações, por cedência de tempo do Ver. Nelcir Tessaro.

 

O SR. JOÃO PANCINHA: Sr. Presidente, Ver. Mario Manfro; Srs. Vereadores, Sras Vereadoras, público que nos assiste, meu amigo Cadaval, telespectadores do Canal 16 e ouvintes da Rádio Web, antes de mais nada, quero agradecer pela cedência de tempo que o Ver. Nelcir Tessaro, Presidente desta Casa, me fez no período de Comunicações. Vou utilizar este tempo para tratar de três assuntos, e o primeiro deles é a questão de doações. Temos visto, diariamente, apelos para que aumente o número de doadores de sangue – e aproveito também para falar de doadores de medula e de doadores de órgãos –, porque passamos por um feriadão, o feriado de carnaval, e, como é comum todos os anos, o estoque do Hemocentro e dos bancos de sangue está extremamente reduzido. Então, eu volto à tribuna para fazer um apelo aos nobres colegas, aos telespectadores, para que utilizem o seu mailing e façam uma solicitação para que as doações de sangue, neste período pós-carnaval, sejam regularizadas, para que os bancos de sangue tenham os seus estoques novamente regulados, porque é extremamente importante, Ver. Dr. Raul, que os bancos de sangue tenham os seus estoques na medida correta, para que possam atender à demanda que é extremamente alta.

Também utilizo este momento para saudar – sei que o Ver. Mauro Zacher já o fez – o início das obras da ciclovia na Restinga. É importante, porque é um meio de transporte popular, e Porto Alegre deixa muito a desejar nesse aspecto. É uma iniciativa que vem sendo estudada há muito tempo, não é o melhor plano cicloviário, Ver. João Dib, mas é o plano que foi enviado para cá, e tenho certeza de que esse início de obras na Restinga vai trazer para Porto Alegre um benefício muito grande e para os moradores da Restinga, principalmente, vai trazer possibilidade de locomoção com um meio de transporte extremamente barato e saudável. Mas ele é perigoso, então, temos que ter muito cuidado, como bem disse a Verª Sofia Cavedon.

 

O Sr. João Antonio Dib: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Ver. João Pancinha, o plano não é dos melhores, é simplesmente inviável. Neste mesmo plenário, numa Audiência Pública com o Secretário Senna, ele disse que, em maio do ano passado, três editais seriam lançados para fazer uma ciclovia na Av. Sertório, uma na Av. Ipiranga e uma na Restinga. Eu lhe disse que, na Restinga, poderia ser que ele fizesse, as outras duas não. Agora, imaginem a Prefeitura querendo fazer um plano cicloviário na Av. Independência, ao longo de toda a avenida. É absolutamente impossível! E assim são as ruas ali colocadas, sem nenhum projeto, sem nada! Apenas 495km de ciclovias.

 

O Sr. Bernardino Vendruscolo: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Obrigado, Ver. Pancinha. Na verdade, não podemos deixar de considerar as ponderações do Ver. João Antonio Dib, até porque é engenheiro como V. Exª, mas, entre não termos nada e termos o que nós estamos vendo, me parece que ainda é positivo. E, por falar em Senna, ele está saindo de cena, então, não tem problema nenhum!

 

O SR. JOÃO PANCINHA: Obrigado, Ver. Bernardino. Sem dúvida, não é o melhor plano, como eu frisei, mas é o início de um projeto que pode ser modificado, e nada melhor do que darmos início a essa ciclovia na Restinga. Então, hoje, às 19h, quero me fazer presente, porque é extremamente importante para a comunidade da Restinga e também para a comunidade de Porto Alegre.

E, para finalizar, Presidente, no próximo dia 25, quinta-feira, às 19h, estaremos instalando a Frente Parlamentar do Parque Temático da Harmonia. Então, eu convido todos os Parlamentares, Vereadores e Vereadoras, os telespectadores, para que, de uma forma conjunta - Legislativo, Executivo, MTG, CTGs, IGTF, Orçamento Participativo na Temática da Cultura, enfim, todos os atores que se sintam envolvidos -, possamos transformar o Parque da Harmonia num parque temático da cultura gaúcha que funcione o ano inteiro, para que possamos levar os nossos amigos e os turistas para lá conhecerem as tradições do Rio Grande do Sul. Convido a todos, para, no próximo dia 25, às 19h, a instalação da Frente Parlamentar do Parque Temático da Harmonia. Muito obrigado.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Mario Manfro): O Ver. Tarciso Flecha Negra está com a palavra em Comunicações, por cedência de tempo do Ver. Nilo Santos.

 

O SR. TARCISO FLECHA NEGRA: Boa-tarde, Sr. Presidente, Ver. Mario Manfro; boa-tarde Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, todos que nos assistem, quero dizer que, no sábado, no nosso jogo, eu fiquei muito para baixo, hoje eu entendo o que é a posição de um Luiz Felipe, de um Dunga, tomando conta só das feras, vamos dizer assim. A gente só tinha ali dentro do vestiário as feras, porque eram Vereadores, Prefeitos! E, quando eu anunciei o time, três ou quatro Prefeitos de outras cidades que a gente convidou não aceitaram. Por que só os Vereadores de Porto Alegre? Mas o jogo era só para os Vereadores de Porto Alegre, foi um convite nosso para confraternização, um espetáculo para mostrar ao povo o nosso outro lado, o social. O Pujol, depois, ficou como treinador e tomou conta, isso foi muito bom! Eu quero pedir desculpas aos Vereadores de Porto Alegre que nos acompanharam até lá, obrigado pela presença, obrigado também àqueles que não foram, porque tinham compromisso aqui. Obrigado a todos, isso que é importante.

Mas a minha preocupação maior – e sempre que inicia o ano eu começo a falar disso – é com a inclusão social da criança através da educação, esporte e lazer. No meio do ano, vem toda aquela chuva de crack e outras drogas, aí começamos a usar a camisa “crack não”. Por que não começamos, agora, no início do ano? Eu passo ali na orla do Guaíba, ela está ali esperando com campos, praça poliesportiva, para que essas crianças tenham esses afazeres, que não comecem a pensar em outras coisas lá fora, na rua, no Centro de Porto Alegre. Então, não é só o colégio que é importante, porque essa criança sai da sala de aula, sai do colégio, vai para casa, e, às vezes, o papai e a mamãe estão trabalhando, e ela fica com dois, três irmãos mais velhos e acaba indo para o Centro de Porto Alegre, onde eu encontro muitos deles.

Então, chegou a hora, gente, de tirar isso do pano e do papel, chegou a hora de fazer! Nós temos aí uma orla maravilhosa. Estamos acabando com os campinhos da Zona Norte, da Zona Sul, por causa dos condomínios, é claro, cada dia nascem mais, mas há que ter um espaço, porque, depois, não adianta ficarmos aqui gritando, pedindo, colocando na camisa, andando em marcha, no Centro, dizendo “crack não”! Mas o que estamos fazendo para tirar essas crianças da rua? O que estamos fazendo para dar lazer para essas crianças? Chegou a hora de sair da palavra.

Ano passado, foi a mesma coisa. No primeiro mês, eu falei sobre o crack, que estava vindo outra droga pior aí, todo o mundo já sabe, depois nós vamos aqui gritar e não adianta. Acho que o Governo, junto com as suas Secretarias, tinha que olhar mais um pouco, andar mais em Porto Alegre e tentar apoiar as 50, 60 crianças que estão ali trabalhando, tirando-as da rua. Vamos lá ver de fato, não aquele projeto no papel, mas o projeto com crianças, com o ser humano. Acho que chegou a hora de o Governo dar uma olhadinha nisso aí, dar uma volta e apoiar essas pessoas, porque só assim nós estamos tirando as crianças do Centro, da rua, da droga. Só assim nós vamos conseguir tirar. No papel, na camisa, eu não vejo como! O Rio de Janeiro está cheio de papel e de camisa e não tirou ninguém!

Eu peço aqui, caros colegas Vereadores, vamos lutar, vamos falar! Se tivermos que falar todos os dias aqui, vamos falar, para que a sociedade, os grandes empresários possam ver isso, e a gente ter Porto Alegre como uma cidade tranquila, uma cidade mais humana e carinhosa. Obrigado.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Mario Manfro): O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente, Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, o Ver. Tarciso tem toda a razão. Dói a gente ver que os antigos campos de futebol que eram aproveitados pelos jovens aos poucos vão sendo extintos. E o que é mais grave, Ver. Braz, é que os que ainda permanecem, os resistentes do Município estão abandonados. Eu ouvi, ainda na madrugada de hoje, queixas fundadas a respeito da situação em que se encontra, Ver. Tarciso, o Tamandaré, lá no bairro Petrópolis. O Ararigboia já não está bem, mas o Tamandaré está muito pior! Eu sei que o Secretário de Esportes do Município, nosso colega João Bosco, é um homem dedicado, criativo, capaz, mas que joga com recursos muito escassos. Então, acredito que precisemos fazer um mutirão, uma frente. Se não tem recurso, temos que pugnar em conjunto por recursos excepcionais, Ver. João Dib, para que sejam restabelecidos, na plenitude, esses campos de esportes. Lá no bairro Restinga, Ver. Dib, aquelas coisas que nós inauguramos não existem mais, aquilo é um monturo que tem lá, escombros tão somente! Zero Hora, Difusora, Pampa, nada mais ou muito pouco ainda resiste.

Aliás, falando na Restinga, eu quero manifestar, Ver. Comassetto - V. Exª que é um dos melhores Vereadores que a Restinga e a área podem contar –, o meu grande temor quanto a este anúncio de que, no dia 2 de março, estará aqui o Ministro Temporão, que, a destempo, vem aqui iniciar as obras do hospital da Restinga. O meu temor, Ver. Toni, é que seja mais um início de obras que não se concluam. Eu sou testemunha, ao longo da história, nesses últimos 20 anos, de uma meia dúzia de vezes que se iniciou o projeto do hospital da Restinga. Até hoje, nada feito! Então, espero que não seja mais um ano eleitoral a justificar uma abertura das obras do hospital da Restinga que, depois que passa a eleição, a coisa não anda.

 

O Sr. Engenheiro Comassetto: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Pujol, quero cumprimentá-lo e dizer que compactuo com o senhor essa preocupação.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Compartilha?

 

O Sr. Engenheiro Comassetto: Compartilho, pactuo e compartilho com o senhor. E quero dizer que, neste momento, tem uma situação diferenciada. Desde o dia 18 de setembro de 2006, quando foi assinado o Decreto dando filantropia às instituições, o Hospital Moinhos de Vento ganhou a filantropia com a obrigação de desenvolver um projeto que atendesse à Saúde Básica e à Educação. E esse projeto foi desenvolvido para atender ao SUS. Já tem hoje em torno de 22 milhões de reais de isenção de impostos federais para aplicar lá. Portanto, acho que é nosso papel fiscalizar, para que seja bem aplicado. Muito obrigado.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Eu o cumprimento pela sua participação, é mais um esforço que se faz nesse sentido. V. Exª pode ficar tranquilo, porque eu vou ficar cuidando. O Hospital Moinhos de Vento chegou à Restinga há mais de dez anos substituindo a Ulbra, que, naquela época, cuidava da área da Restinga. A ideia já era, naquela ocasião, desenvolver este projeto que, por todas as razões do mundo – eu não quero ser pessimista -, acabou parando no tempo. Para mim, essa é uma retomada de obras que nunca se iniciaram.

 

O Sr. Beto Moesch: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Pujol, primeiro, o parabenizo, fico estarrecido com os dados da deterioração dos espaços de esporte lá na Restinga. Isso é um problema sério que ocorre na cidade de Porto Alegre há décadas, Presidente, há décadas! Há um problema de vandalismo aqui, Ver. Braz, que deveria ter um estudo sociológico até.

Com relação ao hospital da Restinga, na minha opinião e pelas informações que tenho, há uma grande diferença desta vez. É um investimento cem por cento do Hospital Moinhos de Vento, portanto, ele vai ocorrer. Não é um investimento público, é um investimento cem por cento privado, que tem à frente a figura que, junto com Dom Vicente Scherer, restabeleceu e reergueu a Santa Casa, que é o Dr. Polanczyk. Portanto, na minha opinião e pelas informações que tenho, há uma diferença, e cabe a esta Casa acompanhar e colaborar com esse processo do tão sonhado hospital da Restinga.

O SR. REGINALDO PUJOL: Agradeço, Vereador, e digo que a imprensa, através da jornalista Ana Amélia Lemos, noticia a vinda do Ministro Temporão e diz que o projeto audacioso é do gaúcho Alberto Beltrame e envolve parceria entre a Prefeitura e o Hospital Moinhos de Vento. Então, vale inclusive para a Prefeitura o que eu estou dizendo. A Prefeitura foi, muitas vezes, conivente com esses falsos anúncios. Finalmente, diz (Lê.): “O novo hospital será o primeiro dentro dos padrões de sustentabilidade. As obras ficam prontas em 2012, e as regiões atendidas (Restinga e Extremo Sul) representam 10% da população de Porto Alegre.” Queira Deus que tudo isso se realize.

Aliás, se anuncia para hoje ou para estes dias, na Restinga, o início de mais uma grande obra, que é a ciclovia da Restinga, Ver. Dib. Aliás, Ver. Dib, V. Exª tem que se parabenizar, porque participou da montagem do projeto da Restinga, que previu esses espaços para tudo! Lá, se mais coisas não existem hoje, é porque não fizeram, porque a área para o hospital sempre esteve garantida, o espaço para a ciclovia sempre teve. O Ver. Beto Moesch se impressionou com o número de praças que tem na Restinga, da quantidade de área verde, da permeabilidade da área. Então, a Restinga é uma beleza!

Agora, eu fico triste é quando enganam a Restinga. Espero que, desta vez, não estejam enganando mais uma vez a minha Tinga. Era isso, Sr. Presidente.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Mario Manfro): O Ver. Valter Nagelstein está com a palavra em Comunicações, por cedência de tempo do Ver. Paulinho Ruben Berta.

 

O SR. VALTER NAGELSTEIN: Sr. Presidente, Ver. Mario Manfro, satisfação em vê-lo conduzindo os trabalhos, meus cumprimentos aos Srs. Vereadores, às Sras Vereadoras, a todos que nos acompanham, e um especial agradecimento ao valoroso colega, Ver. Paulinho Ruben Berta, pela cessão do espaço, para que eu possa fazer esta manifestação desta tribuna. Srs. Vereadores, antes que eu entre no tema que me traz à tribuna, meu Líder, Ver. João Pancinha, que é motivo de grande inquietação e preocupação para mim, faço dois ou três comentários. O primeiro deles: avançam essas negociações que nós estamos vendo em plano federal e deixam o cenário cada vez mais nebuloso. Eu só espero, rogo que não se concretize, porque ele está se arvorando para tanto, que o Sr. José Dirceu, que responde a vários processos junto ao Supremo Tribunal Federal, se apresente como coordenador da campanha da Ministra Dilma. E eu tenho lido em vários meios de comunicação que assim tem sido. Ele tem se apresentado falando pela Ministra todos os dias!

 

(Aparte antirregimental do Ver. Luiz Braz.)

 

O SR. VALTER NAGELSTEIN: O Ver. Luiz Braz me diz que é hoje, mas são todos os dias! Também estranho, Ver. Luiz Braz, que uma figura proeminente do Partido dos Trabalhadores tenha financiado grande parte dos desfiles carnavalescos de Porto Alegre. É fato notório, todos sabem. Eu não vou declinar nomes, mas me causa muita estranheza. As notícias e os burburinhos que nós ouvimos por aí são alarmantes, são graves, não se coadunam nem com a vida pública, muito menos com o ideário desse Partido. Um Partido que, nós sabemos, durante a maior parte da sua história, empunhou as bandeiras da justiça social, da ética, da transformação da sociedade brasileira, do resgate dos compromissos e das dívidas da sociedade para com os seus excluídos, e o que nós vemos, infelizmente, é o mesmo volume de denúncias que nós víamos, historicamente, em relação aos Partidos tradicionais da política brasileira se repetindo. E quando nós ouvimos, ou vemos, ou sabemos que alguém, detentor de uma função importante dentro do Partido, se vale de recursos - que não se sabe de onde - e estabelece a velha política de clientela que todos nós sempre tanto criticamos, pelo menos aqueles que querem fazer uma política mais séria, fazendo, no carnaval, essa política de clientela, isso nos preocupa muito.

Então, eu espero, Ver. Beto Moesch, que os nossos colegas do Partido dos Trabalhadores tenham a capacidade, porque são pessoas honradas nesta Câmara, eu sei disso, de fazer os expurgos que esse Partido precisa fazer. Todos nós precisamos expurgar, de vez em quando, essas peças ruins de dentro dos nossos Partidos, para que não percamos, no caminhar da vida política, a legitimidade do nosso discurso e nem percamos as nossas bandeiras.

Sr. Presidente, entro no assunto substantivo, maior que me traz a esta tribuna e que não faz parte dessas divagações, Ver. Paulinho Ruben Berta. É uma informação que recebi de uma pessoa com quem tenho relações de amizade e de conhecimento, que trabalha no setor funerário. Este não é um assunto muito agradável, é verdade, mas, infelizmente, a morte é um assunto da vida, do cotidiano. Essa pessoa me disse que há uma legislação que rege e que regulamenta os serviços funerários na nossa Cidade, como, de resto, em outras cidades. Toda vez que ocorre uma morte, seja em casa ou no hospital, a pessoa morta é levada para a funerária, onde são feitos os preparativos para que a família, depois, faça o velório. Nesses preparativos, retiram-se das pessoas os seus fluidos, como o sangue e, no caso de a pessoa ser embalsamada, retiram-se, inclusive, as vísceras. O grande problema está em que os resíduos desse processo estão sendo, segundo me disse essa pessoa - e isso é muito grave, é alarmante -, jogados, de forma indiscriminada e sem tratamento, Ver. Mario Manfro, na nossa rede de esgoto. Às vezes, não se sabe a causa da morte dessas pessoas, nem que doenças tinham, nem se esses produtos são contaminados – e são, posso afirmar. Ver. Beto Moesch, esse é um caso de Saúde Pública e de Meio Ambiente da mais alta gravidade! Fui ver a legislação, e – isso é algo sobre o que temos que nos debruçar aqui na Câmara – não existe previsão de sanção com relação a essas questões, na ocorrência de crimes ambientais, por exemplo. A legislação de Porto Alegre é silente a respeito disso, ou seja, pega-se o de cujus, o morto, o defunto, leva-se para a funerária, tira-se o sangue, faz-se a evisceração, coloca-se talvez num saco plástico, não sei onde, e não tem tratamento isso? Volto a dizer, esse é um assunto da mais alta gravidade e que tem a ver, sim, com a nossa competência de Vereadores, que é a quem cabe a fiscalização. A SMIC? Essa dá o alvará. Mas e os dejetos, os efluentes? A SMAM? Pois bem, são essas as questões sobre as quais nós precisamos nos debruçar de fato, porque são graves, volto a dizer.

Quero informar aos Srs. Vereadores e à cidadania que fiz um Pedido de Informações dirigido à Secretaria Municipal da Produção, Indústria e Comércio, dirigido à Secretaria Municipal do Meio Ambiente, para saber exatamente como é que está essa questão em Porto Alegre, quem faz a fiscalização, quais são os equipamentos obrigatórios, se há fiscalização com relação a esses equipamentos obrigatórios e, também, quem está fazendo a coleta desses resíduos. São informações que eu aguardo, aguardo com ansiedade e, tão logo as tenha, comprometo-me a compartilhá-las com os colegas Vereadores, porque, volto a dizer, é um assunto de interesse público, é um assunto de Saúde Pública e merece da nossa parte toda a atenção que nós pudermos dar.

 

(Aparte antirregimental.)

 

O SR. VALTER NAGELSTEIN: Temos que verificar, mas é que são todas as funerárias, Ver. Paulinho, e nós teremos que sair daqui fiscalizando para saber quem é que faz, onde faz, qual é o lugar, para onde levam os resíduos, cada uma tem o seu, não tem, não se sabe! Então, a partir desta provocação e do Pedido de Informações, nós podemos começar a puxar o fio dessa história e descobrir se tem veracidade essa informação ou se não tem. Tomara que não tenha! Mas, se tiver, de fato, é algo muito grave, Sr. Presidente. E nós temos, sim, que aprofundar a investigação, para saber se isso está acontecendo. Obrigado pela atenção; muito obrigado, Srs. Vereadores.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Mario Manfro): Passamos ao

 

GRANDE EXPEDIENTE

 

O Ver. Engenheiro Comassetto está com a palavra em Grande Expediente.

 

O SR. ENGENHEIRO COMASSETTO: Sr. Presidente, Ver. Mario Manfro; colegas Vereadores e colegas Vereadoras; prezado Manfro, eu lhe peço a gentileza de, quando faltarem cinco minutos para encerrar o meu tempo, me comunicar. (Pausa.) Agradeço. Tenho vários temas para tratar hoje a respeito da nossa cidade de Porto Alegre. Vou dar ênfase ao tema de maior carência que estamos vivendo em Porto Alegre, que é a Saúde. Antes disso, não posso me furtar de responder ao Líder do Governo a respeito da sua fala, sem informações, sobre o financiamento do carnaval e de dizer que o nosso companheiro, Secretário de Finanças do PT, Paulo Ferreira, construiu - não precisa citar nomes, mas nós citamos nomes, Ver. Valter Nagelstein, porque temos clareza na postura e não temos esse subterrâneo, como muitos dos que trabalham na política, nós temos que ser claros e objetivos. Portanto, o Secretário nacional estabeleceu uma política, através da Lei Rouanet, de busca de recursos para o carnaval de Porto Alegre, até mesmo porque a gestão pública municipal não atende à demanda do carnaval de Porto Alegre.

Nesse sentido, Sr. Presidente, eu faço aqui um Requerimento, que vou encaminhar por escrito, solicitando o comparecimento do Presidente Urso, da AECPARS, a esta Casa, bem como da responsável pelo carnaval de Porto Alegre, a Ana Fagundes, que são os que têm que responder sobre o assunto, para que possamos debater esse tema com tranquilidade.

Segundo tema. Queremos dizer aqui, com muita tranquilidade - e o Ver. Reginaldo Pujol trouxe aqui a preocupação quanto ao hospital da Restinga -, que as obras vão começar, através do Hospital Moinhos de Ventos, depois de 17 reuniões no Ministério Público que o Comitê em Defesa do Hospital da Restinga, com o nosso apoio e de outros Vereadores, construiu ao longo desses últimos cinco anos. Tivemos o prazer de ajudar a construir, coordenados pelo ex-Ministro Jatene, a política das filantropias para os hospitais. Em função dessa política que o Presidente Lula assinou no dia 18 de setembro de 2006, está-se dando início agora às obras do hospital da Restinga. E quero dizer que lá na Restinga não é só o hospital que está sendo construído, mas também a escola técnica federal, com recursos na ordem de 13 milhões e meio de reais. E digo ao Líder do Governo que as obras da escola técnica só não iniciaram até o momento, porque a Prefeitura não cumpriu com a sua cota, que era fazer a extensão da energia elétrica para a empresa iniciar as obras. O Ver. Toni Proença, no seu tempo, construiu o Termo de Referência. O Município, numa Audiência Pública nesta Casa, comprometeu-se a cumprir o calendário, mas, até o momento, não cumpriu, por isso a empresa não começou as obras. A ordem para o início já foi dada, e a verba de 13 milhões e meio de reais já foi depositada pelo Governo Federal, para investir na escola técnico-profissional da Restinga.

Líder do Governo, por favor, gostaríamos de que o senhor trouxesse uma resposta, o mais rápido possível, do Governo Fogaça, porque a escola técnica federal é uma política pública construída por vários colegas aqui desta Casa.

Mas, quanto à Saúde, Porto Alegre iniciou o ano de 2010 com uma grave notícia envolvendo a Saúde Pública da Cidade. No dia 7 de janeiro, a população foi surpreendida com o desvio dos cofres públicos municipais de mais de 9,6 milhões de reais por parte dos gestores da Saúde do Município.

A operação chamada Pathos, deflagrada pela Polícia Federal, denunciou a Secretaria Municipal da Saúde e o Instituto Sollus, responsável pelo gerenciamento do Programa de Saúde da Família em Porto Alegre. A corrupção envolvendo a Administração Pública Municipal do Governo José Fogaça já não é mais novidade. No entanto, é revoltante perceber a quantidade de dinheiro que sai do bolso dos cidadãos para inflar os bolsos de desonestos. Para se ter uma ideia, com o montante roubado a Prefeitura poderia criar mais de 20 equipes de Saúde da Família e melhorar o atendimento precário que existe na rede de atenção básica da Saúde. Em vez disso, o Governo Fogaça se calou e não tomou as providências necessárias para averiguar todas as denúncias e resolver os problemas apontados pelo Ministério Público e pelo Tribunal de Contas do Estado em relação ao convênio com o Instituto Sollus, amplamente divulgados pela Bancada do Partido dos Trabalhadores e, também, pela imprensa, desde o ano de 2007. Em julho de 2007, a Prefeitura de Porto Alegre rompe o convênio com a Fundação de Apoio da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, a FAURGS, que gerenciava o Programa de Saúde da Família, deixando mais de 731 funcionários com aviso-prévio e interrompendo o atendimento à população por 20 dias. Na época, a Prefeitura alegava que o motivo do rompimento do contrato fora o desacordo referente à cobrança de taxa de administração pela FAURGS, questão apontada pelo Ministério Público como irregular.

Em agosto de 2007, a Secretaria Municipal da Saúde anuncia que dará continuidade ao Programa de Saúde da Família através de um novo convênio, agora com o Instituto Sollus, de São Paulo, uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público - OSCIP - que, segundo a Prefeitura, garantiria a contratação dos trabalhadores. O mais grave na negociação foi que o novo convênio não passou por processo de licitação ou concorrência pública, nem houve discussão ou consulta ao Conselho Municipal da Saúde e às entidades de trabalhadores da Saúde. Além disso, o convênio garantiu apenas a intermediação na contratação dos médicos e enfermeiros, deixando os agentes de saúde somente com contratos emergenciais, realizados pela própria Secretaria Municipal da Saúde. É importante, Sr. Presidente, lembrar que o valor do contrato com o Sollus foi mais alto do que o valor contratado com a FAURGS e incluiu menos serviços. Cobraram mais e prestaram menos serviços.

Em setembro de 2007, o Tribunal de Contas do Estado - TCE - bloqueia o andamento do contrato da Prefeitura com o Instituo Sollus, por verificar irregularidades na empresa e no processo de contratação. Na época, todas as denúncias foram apontadas pelo Conselho Municipal de Saúde, pelas entidades de trabalhadores da Saúde, entre elas, o Sindicato que esteve aqui hoje, em homenagem aos seus 65 anos, e pela Bancada de Vereadores do Partido dos Trabalhadores. Após análise da documentação, o TCE liberou o convênio pela relevância do serviço, mas seguiu acompanhando o caso. No mesmo período, o Ministério Público do Estado determinou, através do Termo de Ajustamento de Conduta, a contratação dos agentes comunitários, médicos e enfermeiros diretamente pela Prefeitura por meio de concurso público.

No mesmo ano de 2007, em outubro, o Ministério Público Estadual instaura processo investigatório, contestando os critérios utilizados pela Prefeitura para a contratação do Instituto Sollus, e encaminha recomendações à Prefeitura, sugerindo a suspensão imediata dos repasses para o Sollus, a partir de denúncias apresentadas pela Bancada do PT, pelo Conselho Municipal de Saúde e pelas entidades dos trabalhadores da Saúde.

Em agosto de 2009, a Prefeitura, dois anos após a recomendação do Ministério Público, rompe o contrato com o Instituto Sollus e entra com ação na Justiça, pedindo a responsabilização da entidade pelo desvio desses 5,8 milhões de reais referentes à prestação de contas inadequada. Em setembro de 2009, um novo convênio é assinado com o Instituto de Cardiologia para coordenar o PSF.

Nesses desvios, de acordo com a Polícia Federal e o Ministério Público, o Instituto Sollus utilizou notas fiscais falsas em seu trabalho e fez prestação de serviços estranhos à área da Saúde, como honorários de advogados, consultorias, planejamentos, auditorias, propaganda e até compra de bolos e flores. Conforme levantamento, o Sollus teria desviado da Saúde Pública de Porto Alegre, mensalmente, 400 mil reais do valor repassado para a Prefeitura de Porto Alegre pelo Fundo Nacional de Saúde, para gerenciar os PSFs! Recursos que vêm dos cofres públicos federais por meio do Sollus, são gerenciados pelo Município e são desviados! A nós só cabem as seguintes indagações: se isso já estava acontecendo há tanto tempo, por que o Governo Fogaça não rompeu antes o contrato com o Sollus? Quem autorizava a realização dos serviços estranhos à Saúde? Para onde foram os mais de 9,6 milhões de reais desviados? Quem é o responsável pela gestão pública municipal e, portanto, responsável também pelos desvios?

Sobre as recomendações do Ministério Público. No documento elaborado pelo Ministério Público e entregue à Prefeitura constam diversos apontamentos referentes às irregularidades do termo de parceria da Prefeitura com o Instituto Sollus. O documento reprova o fato de não ter havido licitação e acrescenta que o contrato determina diversos repasses mensais sem discriminar adequadamente no que consistem tais gastos.

Chegamos aos dias de hoje. Há poucos dias, veio o Promotor Público à nossa Comissão de Saúde, e o Jornal do Comércio do dia 17 de fevereiro comentou (Lê.): “O Ministério Público Estadual (MPE) deve apresentar até o final do mês o resultado da investigação sobre a responsabilidade da Prefeitura de Porto Alegre nas irregularidades no Programa de Saúde da Família (PSF). O Instituto Sollus, que gerenciou o PSF de 2007 a 2009, é alvo de investigações do Ministério Público Federal (MPF), Tribunal de Contas do Estado (TCE) e da Polícia Federal (PF) (...) O inquérito civil foi encaminhado à Procuradoria de Prefeitos pelo promotor Luiz Eduardo Ribeiro de Menezes, que participou na primeira semana de março de reunião na Comissão de Saúde e Meio Ambiente da Câmara Municipal de Porto Alegre. ‘Todas as representações apresentadas pelo Conselho Municipal de Saúde (...) foram encaminhadas à Procuradoria de Prefeitos e o promotor irá analisar sob a ótica da improbidade administrativa’ [do Sr. Prefeito Municipal], informa Menezes’.”

Portanto, nós trazemos novamente aqui que esta Casa tem uma grande responsabilidade de analisar e responsabilizar, colegas Vereadores, fazer a investigação até o último centavo. Para onde foram esses 9,6 milhões de reais? E onde estão os 255 PSFs que o Prefeito Fogaça anunciou que deixaria, quando ele saísse da Prefeitura? Só esse dinheiro dá para instalar 20 PSFs. Ao mesmo tempo, o que acontece hoje nos nossos Postos de Saúde da Família? Muitos deles estão sem médicos, com filas imensas! O Secretário Municipal decreta que, em cada PSF, só pode atender a um membro de cada família por dia. Será que o Secretário tem essa capacidade, dentro da política pública, de determinar quantos podem adoecer, por dia, nas famílias de Porto Alegre, ou quais as situações de risco e emergências que podem vir a acontecer?

Com essas irregularidades tanto na postura da gestão pública, quanto na Saúde do Município de Porto Alegre, com o desvio de recursos, Sr. Presidente, nós não podemos nos calar! Nesta Câmara de Vereadores, como foi dito há poucos minutos pelo Líder do Governo, todos os roubos têm que ser investigados, e os gestores públicos têm que ser responsabilizados. E aquele gestor público que for realmente condenado tem que sair da cena pública! É o que está acontecendo, neste momento, lá em Brasília. Por uma ação do Ministério Público e da Polícia Federal, o Governador Arruda está preso. Neste final de semana, foi anunciada mais uma ação que julgou, determinou responsável ou culpado e aponta a cassação de mandato do Prefeito, nada mais, nada menos, da maior cidade da América Latina, São Paulo, Sr. Kasseb ...

 

(Aparte antirregimental.)

 

O SR. ENGENHEIRO COMASSETTO: Kassab! Muito obrigado ao nosso corregedor. Então, diante dessas situações aqui em Porto Alegre, precisamos investigar item por item o tema da Saúde, porque as comunidades nos cobram, e não é só dos Vereadores de oposição, prezado Ver. Paulinho Ruben Berta. As comunidades cobram de todos os legisladores que as políticas públicas sejam bem aplicadas, principalmente quando vamos visitar os postos de saúde. Há filas imensas, há falta de medicamentos, há falta de profissionais, há falta de fiscalização dos profissionais para que cumpram os seus horários. Todas essas são situações reais e existentes na administração pública de Porto Alegre no que diz respeito à Saúde Pública. A nossa Bancada, a do Partido dos Trabalhadores, tem uma postura muito clara, Ver. João Dib. Nós entendemos que uma CPI não é um instrumento somente da oposição, ela tem que ser um instrumento da Câmara Municipal de Vereadores, e todos aqueles que prezam a transparência dos gastos públicos devem apoiar esse instrumento que é um instrumento de investigação e de aprofundamento, inclusive, daquelas informações que estão sob sigilo de Justiça.

Portanto, quero aqui concluir este meu pronunciamento de Grande Expediente. O papel da oposição é fiscalizar, e nós, como Liderança da oposição, trazemos esses dados para oferecer a todos os colegas, pedindo que não deixem a corrupção tomar conta também da gestão pública de Porto Alegre. Um grande abraço.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Mario Manfro): O Ver. Luiz Braz está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente, Ver. Mario Manfro; Srs. Vereadores, Sras Vereadoras, senhoras e senhores, eu acredito que o Ver. Comassetto hoje recheou este plenário de falsas informações. E ele precisa corrigir os seus dados, porque, senão, ele vai continuar nessa sua senda de má-formação da opinião pública. Primeiramente, Ver. João Dib, ele disse, algum tempo atrás, mas nesta Sessão, que a Governadora Yeda Crusius precisava ser cobrada com relação à dívida que tinha com o Município no setor da Saúde. Ele deveria informar que essa dívida foi originada pelo seu Governador Olívio Dutra, quando ele estava à frente do Governo gaúcho. Mas ele não diz isso! Ele encobre! E não sei por que e com que intenção! Disse também, há pouco tempo, o Ver. Comassetto, que o valor do contrato feito com o Sollus foi muito superior ao do contrato que existia com a FAURGS, e que o trabalho feito pelo Sollus foi menor. Mentira do Ver. Comassetto, mais uma vez, porque o contrato teve as mesmas bases daquele contrato que havia com a FAURGS – eu conheço muito bem o contrato –, e também os PSFs dobraram! Existiam quarenta e poucos PSFs, e agora temos 90 PSFs! Dobraram os PSFs! E mais, na época da FAURGS, quando a administração era petista, Srs. Vereadores e Sras Vereadoras, na maioria dos PSFs não havia médicos atendendo, e nenhum Vereador do PT fazia cobranças! Nenhum! Hoje, todos os PSFs têm médicos atendendo! Então, eu não sei, na verdade, por que o Ver. Comassetto vem a esta tribuna e espalha esses falsos dados, não sei com qual objetivo! Não posso julgar o Ver. Comassetto, até porque conheço um Vereador mal-intencionado. Não pode ser! Ele é mal-informado! Só posso julgar que ele é um Vereador mal-informado! Mas ele não pode continuar formando mal a opinião pública!

Não bastasse isso, vem esse dado alarmante que o Ver. Valter Nagelstein, Líder do Governo, traz aqui a este plenário com relação ao financiamento do carnaval, e que foi minimizado aqui pelo Ver. Comassetto, mas que é extremamente grave! Ora, essas verbas que se constituem em incentivo à cultura são renúncia de pagamento de Imposto de Renda. Que eu saiba, o Sr. Paulo Ferreira, que é um dirigente do PT, não é produtor cultural! Que eu saiba, ele não é produtor cultural! Quem mexe com essas verbas - até porque tem que mexer com empresas que fornecem essas verbas – são produtores culturais. Por que o Sr. Paulo Ferreira está mexendo com as verbas sagradas de incentivo à cultura? E eu queria saber quais são as empresas que fizeram renúncia no Imposto de Renda, para poder dar recursos para o carnaval a pedido do Sr. Paulo Ferreira! Porque, afinal de contas, ele está manipulando verbas que deixam de ser pagas para que a sociedade possa ser mais bem atendida na área da Saúde, para que possamos ter um melhor trabalho de distribuição dessa renda para as pessoas mais pobres! Ora, e o Ver. Comassetto diz que isso não é nada! Mas como não é nada? Isso é crime, e nós devemos investigar! Isso, sim, nós devemos investigar! E acredito, Ver. Valter Nagelstein, que um Pedido de Informações deve ser colocado aqui, para sabermos quais foram as empresas utilizadas pelo Sr. Paulo Ferreira, para que houvesse financiamento. Eu fiquei sabendo que só uma escola de samba recebeu mais de um milhão de reais em incentivos! Ora, qual é o grupo cultural aqui no Rio Grande do Sul que não gostaria de receber um incentivo de mais de um milhão de reais? O que poderíamos fazer pela cultura, se tivéssemos empresários dispostos a financiar grupos culturais, dando mais de um milhão de reais? Muito poderia ser feito! Então, quando estas verbas estão sendo manipuladas por um dirigente partidário, isso pode ser, realmente, crime, porque normalmente quem mexe com estas verbas são produtores da área cultural e não dirigentes partidários. Realmente, olhem, isto é extremamente malcheiroso!

(Não revisado pelo orador.)

O SR. PRESIDENTE (Mario Manfro): O Ver. João Antonio Dib está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente, Mario Manfro; Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, eu, na realidade, não sei se me cansam ou se me aborrecem as recorrentes informações deformadas, deturpadas, trazidas naquela tribuna sobre o problema Instituto Sollus/Prefeitura.

Na realidade, eu não conheço nenhum documento que diga que a Prefeitura tenha sido denunciada, que alguém, na Prefeitura, tenha sido denunciado. O próprio Ver. Comassetto diz que o Promotor informa que estão sendo investigados. Bom, já é alguma coisa diferente; denúncia e investigação são coisas completamente diferentes.

Por outro lado, eu não ouvi falar nenhuma vez sobre quem analisou a documentação entregue a esta Casa pelo Prefeito José Fogaça. Eu não ouço ninguém falar sobre a comissão de inquérito ou sindicância, instalada na Prefeitura já há bastante tempo, para saber dos problemas com o Instituto Sollus, que, realmente, parece ter apresentado algumas dificuldades na análise que deve ser feita e foi feita pela Prefeitura. Ninguém fala que foi a Prefeitura que procurou o Ministério Público! Ninguém fala que foi a Prefeitura que procurou o Tribunal de Contas e pediu uma auditoria especial em relação às contas do Instituto Sollus! Ninguém fala que o Prefeito determinou que as contas, as diferenças fossem incluídas na Prefeitura como dívida! Ninguém fala! Está lá como dívida consolidada e que tem que ser paga. Agora, os valores exatos eu acho que ninguém tem. Acharam nove milhões e seiscentos mil reais, antes eram sete milhões e quatrocentos, agora são nove milhões e seiscentos, mas ninguém fala.

Por outro lado, eu fico triste, profundamente triste, quando ouço dizer que o Presidente Lula, o Governo Federal mandam dinheiro para a Saúde em Porto Alegre, como não fosse isso o seu dever e obrigação. Mas eu queria que me dissessem por que o Presidente Lula não deixa regulamentar a Emenda Constitucional nº 29, que daria para a Saúde 10% do Orçamento, da arrecadação tributária da União. Por que ele não deixa? Por que ele não deixou que isso fosse feito no ano passado e neste ano ainda?

Eu mandei uma indicação para o Presidente Michel Temer, que respondeu que vai fazer, mas não foi feito nada. Em 2008, não foi feito; em 2009, também não; e nós estamos em 2010, e os recursos para a Saúde são cada vez menores. Eu já mostrei aqui e eu uso números com toda a seriedade: Fernando Henrique mandou para a Prefeitura de Porto Alegre, em 2002, 307 milhões de reais. O último dado que eu tenho é de 2008: o Presidente Lula mandou para Porto Alegre 375 milhões de reais. Mas faça-se a correção de 2002 para 2007, e verificaremos que Porto Alegre recebeu 100 milhões de reais a menos, e a cada ano Porto Alegre recebeu menos!

Então, não venham endeusar o Governo Lula, que está descumprindo a sua obrigação constitucional de 10% para a Saúde, como se o nosso sistema de informação do que vai acontecer na Sessão não trouxesse sempre os valores que são creditados para o Município de Porto Alegre. É verdade que, quando a maior parcela, que é de 34, 33, 35 milhões de reais, mais da metade, num documento assinado no apagar das luzes da Administração João Verle, vai para o Hospital Conceição.

Então, vamos falar com mais seriedade, com mais realidade, a Prefeitura está cuidando dos interesses da Cidade, não tem ninguém denunciado na Prefeitura, e denúncia e investigação são duas coisas completamente diferentes. Ninguém foi denunciado! E a Prefeitura está administrando a Saúde da maneira que pode. O Estado também recebe menos recursos da União, porque a União não deixa regulamentar a Emenda Constitucional que implementaria a obrigação de a União enviar 10% da sua arrecadação para a Saúde no País. O SUS é uma grande medida, apenas a União não dá o dinheiro que deveria dar, e aí a coisa se torna complicada.

E, por falar em SUS, os primeiros recursos que chegaram à Prefeitura de Porto Alegre para pagar os gastos dos hospitais que deveriam ser cobertos pelo SUS foram depositados na conta bancária da Prefeitura, em CDBs. Fazia mais de 40 dias que os recursos estavam aqui, e os hospitais não recebiam, quando nós descobrimos. Na época, o Jair Soares era Vereador, o Eliseu Santos era Vereador, e este Vereador, juntamente com eles, fez contato com Brasília, e aí o dinheiro que o PT gostava de aplicar em CDBs foi pago para os hospitais da Cidade.

Portanto, não vamos dar a culpa para ninguém. Até o Presidente Lula, porque viaja muito, não sabe nem o que está acontecendo. Bem que ele sabe, mas ele diz que não! Agora ele está lá em Cancun, deve resolver o problema da Saúde do País lá em Cancun. Ele vai pegar um bom sol, um bom tempo, viaja num avião muito bom, mas não dá dinheiro para o SUS. Isso ele não dá! E aí eu não aceito contestação. Em 2008, Porto Alegre recebeu cem milhões a menos do que em 2002, porque a correção monetária se faz necessária. Portanto, vamos fazer justiça ao Prefeito Fogaça, ele não foi denunciado por coisa nenhuma, ninguém na Prefeitura foi denunciado, a Prefeitura não foi denunciada, a Prefeitura tomou providências para colocar, na dívida pública, os débitos que deva ter com o Instituto Sollus. Vamos falar a verdade com simplicidade, com tranquilidade, e não repetir sempre a mesma coisa! E eu gostaria de que alguém fosse ali e dissesse: “Eu examinei os documentos que o Prefeito mandou para a Câmara Municipal.” Aí eu ficaria outra vez alegre, outra vez sorridente e seria feliz. Saúde e PAZ!

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Mario Manfro): O Ver. Valter Nagelstein está com a palavra para uma Comunicação de Líder, pelo Governo.

 

O SR. VALTER NAGELSTEIN: Sr. Presidente, Ver. Mario Manfro; Srs. Vereadores, Sras Vereadoras, falar após a fala do Ver. Luiz Braz, após a fala do Ver. João Dib é uma enorme responsabilidade. Mas falar após a fala do Líder da Bancada do PT é uma obrigação. O Ver. Carlos Comassetto ocupou 18 minutos na tribuna para traduzir o que eu poderia dizer numa frase só e vou dizer. E acusou a nós e a mim, a este Vereador que aqui está, de andar pelos subterrâneos, não falando diretamente as coisas e fazendo ilações. E mais: ainda me chamou de corregedor. Pois bem, diz-se que conselho não tem valia, pois, se fosse bom, ninguém dava, todo mundo vendia, mas permitam-me, com humildade, dar alguns conselhos. Se houver corregedor na Bancada do Partido de V. Exª, é bom, antes de ocupar a tribuna, conversar com o seu corregedor, é de bom grado, porque o nobre Vereador não pode subir à tribuna e confessar crimes! Porque o que ele veio fazer aqui foi a confissão de um crime! Se ele tivesse conversado, talvez, com um corregedor, com um colega seu que tem um pouquinho de experiência, um pouco mais de tarimba, como é o caso dos Vers. João Dib, Luiz Braz, Pujol, Ferronato, não teria posto os pés pelas mãos e não teria cometido aqui um crime. Porque confessar, como disse o Ver. Luiz Braz – e pegou bem o fio da meada –, que um dirigente político-partidário se vale do seu posto para fazer a figura que está escrita no Código Penal da advocacia pública, para angariar recursos para uma escola de samba, por mais justa que seja a festividade carnavalesca, é crime! Isso é dado e é lícito a um produtor cultural, como bem apreendeu o Ver. Luiz Braz. O Roberto Mangabeira Unger, num pequeno livrinho que se chama: “A Segunda Via: Presente e Futuro do Brasil”, fala a respeito das relações promíscuas da imprensa com a política. E ele fala da traição da política brasileira pelo jornalismo brasileiro, com respeito aos nossos jornalistas, dizendo que, a partir do momento em que os Governos dispõem de polpudos recursos para pagar publicidade em veículos, acabou o jornalismo livre e independente, porque, na segunda notícia que aquele jornalista independente bota contra o governo A, B ou C, não importa qual é a vertente, qual é a matriz ideológica, no segundo dia, vai lá o Secretário de Comunicação e diz o seguinte: “Está aqui a nossa verba, meu amigo, é de tantos milhões. Se aquele jornalistinha de vocês continuar fazendo isso, acabou o dinheiro para o veículo de vocês!” E tem acontecido e aconteceu muito mais! Quando eu falo jornalistinha, não sou eu que estou dizendo, eu estou reproduzindo as palavras desse tipo de relação que se estabelece, porque eu tenho o maior respeito pela classe dos jornalistas. E este Governo colocou na enésima potência esta questão dos dinheiros distribuídos aos veículos de comunicação, como fez com os Partidos Políticos, como fez com o “mensalão”, como faz com o meu, Ver. Haroldo de Souza, com o nosso PMDB, a cooptação, pois, infelizmente, este é um vício que está na essência, na natureza, no espírito e na alma humana, o de se deixar levar pelos encantos do poder, pelos encantos do dinheiro e por todas essas coisas. Então, vem aqui o meu nobre colega e, talvez - e eu não quero acreditar, não pode ser assim, porque ele é lá da Restinga -, essa relação promíscua da escola de samba ou qualquer coisa ... Eu espero, Vereador, do fundo da alma, que não tenha passado pela mão de V. Exª essa aproximação, porque isso que V. Exª confessou aqui da tribuna que o seu tesoureiro fez se chama Advocacia Administrativa, é inaceitável. Alguém que é tesoureiro do PT liga para a Eletrobrás e diz o seguinte: “Olha aqui, quem são os fornecedores de vocês aí? Nós precisamos que botem dinheiro lá na Restinga!” Fazer uma comitiva de 15, 20 pessoas e levar para China? Num país como o nosso, onde ele vem aqui para a tribuna reclamar que não tem Agentes de Saúde da Família, quando, na verdade, o nosso Governo duplicou, triplicou o que o Governo do PT deixou? Só um oportunista, e V. Exª não é, Ver. Comassetto, eu o conheço, conheço a sua história e posso afirmar, olhando no seu olho, que eu acredito que V. Exª não é um oportunista - não é! -, mas só um oportunista pode amoldar as conveniências ao seu discurso, dizer que, para o lado de lá, vale uma coisa, e, para o lado de cá, vale outra. Volto a dizer: eu não acredito, o conheço e sei que V. Exª não é desse perfil, desse naipe. Então, já que nós estamos iniciando o ano de 2010, a minha proposição aqui, Ver. DJ Cassiá, que é o nosso Vice-Líder, companheiro de base, é de termos um ano mais calmo, um ano mais harmonioso. Que assim seja, eu continuo esperando, desde que nós não sejamos forçados a responder para repor as verdades como elas têm que ser respostas. E aí, buscando inspiração no velho Che Guevara, nós vamos endurecer, sim, buscando não perder a ternura jamais. Muito obrigado!

 

(Não revisado pelo orador.)

 

(O Ver. Nelcir Tessaro reassume a presidência dos trabalhos)

 

O SR. PRESIDENTE (Nelcir Tessaro): A Verª Fernanda Melchionna está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

A SRA. FERNANDA MELCHIONNA: Sr. Presidente, com muita tranquilidade e coerência, que é marca do nosso PSOL, diferentemente do que o Líder do Governo dizia sobre a natureza humana e as benesses do poder, que, em geral, corrompem, eu tenho a felicidade de militar num Partido que recusou as benesses e o jogo do toma lá da cá, dos “mensalões” e tem toda a coerência política para fazer as críticas necessárias nos momentos necessários.

Venho dizer a V. Exª que o nosso Partido, dirigido pela Deputada Federal Luciana Genro, Ver. Pedro Ruas, nosso Líder da oposição, foi o primeiro – Ver. Valter, Ver. João Antonio Dib – a brigar, quando o Governo “sentou em cima” da Emenda Constitucional nº 29, que garantiria para Porto Alegre mais 80 milhões de reais para a Saúde pública. Infelizmente, o Governo “sentou em cima” da matéria com o apoio do seu PMDB, Ver. Valter Nagelstein, que, no seu discurso, V. Exª esquece que governa a Prefeitura de Porto Alegre e que também duplicou, aqui em Porto Alegre, os gastos com publicidade, enquanto a Saúde e a Educação continuam no caos. O senhor, que criticava o Governo Lula por ter triplicado o dinheiro para os meios de comunicação, para comprar e dizer que anda fazendo mais com o dinheiro público que poderia ser investido nas áreas sociais, o seu Prefeito, José Fogaça, faz exatamente a mesma coisa ou, talvez, pior em Porto Alegre, quando gasta 16 milhões de reais em publicidade e menos de três milhões na Saúde pública do nosso Município.

Também soa estranho aos nossos ouvidos quando alguns Vereadores querem negar a verdade, inclusive por conta de a Câmara não se dignar a cumprir o seu papel constitucional que seria a investigação antes de qualquer condenação. É verdade, sim, que o Prefeito Fogaça procurou o Ministério Público exatamente dois anos depois de ter sido procurado por ele, exatamente alguns dias depois de a Operação Pathos estar sendo executada pela Polícia Federal e virem à tona os 9 milhões de reais desviados pelas operações de Saúde, com a contratação, no mínimo, imoral, do Instituto Sollus, sobre o que o Prefeito já havia sido avisado. Já havia sido avisado por aqueles que acompanham a Saúde pública em Porto Alegre, quando o Conselho Municipal de Saúde denunciou que o Instituto Sollus era um instituto que nem sede tinha em São Paulo e que poderia se configurar um esquema de desvio de dinheiro público; quando a Deputada Federal Luciana Genro fez o mesmo alerta, e alguns Vereadores, – eu não estava nesta Casa -, tenho certeza, fizeram este embate político. Também foi avisado pelo Ministério Público, em 2007, Vereadores, de que era necessário suspender o contrato com o Instituto Sollus, porque havia claros conteúdos de irregularidade. Era paga uma taxa de administração ilegal de ser cobrada, havia atividade de consultoria, que não é o objeto-fim do Programa de Saúde da Família. A consultoria era feita pelos próprios funcionários que tinham salário arrochado, que eram perseguidos politicamente e que tinham que trabalhar – o Ver. Carlos Todeschini, que foi Presidente da COSMAM, sabe muito bem – com todos os problemas dos postos de saúde da nossa Capital, sendo, diariamente, colocado-lhes o garrote no pescoço pelo Instituto Sollus, que perseguia aqueles que pensavam diferente, ou aqueles que ousavam denunciar o descalabro com a Saúde pública no Município de Porto Alegre.

É verdade, sim. A Prefeitura foi avisada em 2007 - e eu quero lembrar ao Líder do Governo -, em 23 de outubro de 2007, e nada fez. E nada fez até sustar o contrato no ano passado, garantindo, por dois anos, todos os repasses ao Instituto Sollus; garantindo, assim, que 9 milhões e meio de reais tenham sido desviados dos cofres públicos, o que garantiria 20 equipes a mais do Programa de Saúde da Família em vários bairros da nossa Cidade que sofrem e que penam com o problema da Saúde pública.

Portanto, não venhamos fazer demagogia nesta tribuna e atacar para não ter que responder à omissão ou à conivência – nós não sabemos – de alguém da Prefeitura na questão do desvio do dinheiro da Saúde pública no nosso Município.

O que não dá é tentar encobrir a verdade, colocando uma peneira para tapar o sol, quando os fatos são concretos. Portanto, aqueles desta Casa que querem responder aos anseios da população de Porto Alegre, aqueles que querem que o dinheiro seja devolvido ao erário, aqueles que se indignam com a corrupção – tanto em nível federal, quanto em nível estadual ou municipal - deveriam responder com uma CPI e não com falsas acusações ou com a distorção da verdade. (Palmas.)

 

(Não revisado pela oradora.)

 

O SR. PEDRO RUAS (Questão de Ordem): Fiz, há alguns dias, a esta Mesa uma Questão de Ordem, pedindo uma resposta, uma orientação, algo concreto com relação àquilo que pode constituir conteúdo da fala de uma Liderança de Governo ou de uma Liderança de oposição, a exemplo da fala em período de Pauta, que deve se restringir aos processos da Pauta; a exemplo da fala de Liderança de Partido, que é assunto partidário; a exemplo das Comunicações e de Grande Expediente, que são posições do Vereador. Antigamente, nos meus outros três mandatos, não havia a figura do Líder de oposição, nem do Líder de Governo, e, por acaso, eu ocupo uma delas. Então, eu pedi a V. Exª e ao Diretor Luiz Afonso, uma semana atrás, nessa Questão de Ordem, o que poderia se constituir em conteúdo do tempo de tribuna para efeito de Líder de oposição, que tenho a honra de ser, e de Líder de Governo aqui na Casa. Então, eu insisto na mesma Questão de Ordem, pois está se tornando importante obter esta resposta. Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE (Nelcir Tessaro): Ver. Pedro Ruas, nós já havíamos discutido esse assunto com o Diretor Legislativo e, como não houve reunião de Mesa e Lideranças na quarta-feira da semana passada, nós vamos tratar desse assunto nesta próxima quarta-feira, em reunião de Mesa e Lideranças, para discutir e padronizar essa questão.

 

O SR. PEDRO RUAS: Obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE (Nelcir Tessaro): O Ver. Airto Ferronato está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. AIRTO FERRONATO: Sr. Presidente, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores; senhoras e senhores aqui presentes, em primeiro lugar, até numa referência toda especial às manifestações, principalmente, de Lideranças aqui apresentadas, foi a partir delas que eu também senti a necessidade de estar aqui. Numa preliminar, minha cara Verª Fernanda Melchionna, gostaria de dizer que, neste País, nós estávamos acostumados a acompanhar presos, a raia miúda deste País, atirados em camburão, levados de um lado para outro, porque talvez tenham roubado alguns quilos de feijão preto. Quando nós começamos, cada vez mais, a divulgar, senhoras da imprensa, imagens com a raia graúda, as coisas se modificaram. Em primeiro lugar, criou-se a figura do sigilo, segredo de Justiça. Uma meditação muito íntima minha: será que tivemos segredo de Justiça para a raia miúda neste País? Na minha visão e na minha compreensão, nunca tivemos. Imediatamente após isso, meu caro Ver. Pedro Ruas, nos acostumamos a ver a gente mais simples da nossa população algemada e em camburão de um lado para o outro. Quando a raia graúda começou a ser algemada, por iniciativa de juízes começou a se dizer que as algemas não eram mais aquela ferramenta necessária, não se poderia mais algemar assim. E mais: que a imprensa também não deveria mais publicar assim. Tudo operação segredo de Justiça. Quando as questões giram em torno de poderosos, é assim que se dá o tratamento.

Feita esta primeira exposição com relação às questões “de onde se levou”, “quanto se levou”, “que desvio tiveram”, todos em segredo de Justiça, eu não poderia deixar também de falar sobre as manifestações do carnaval de Porto Alegre. E, agora, falando da seguinte forma: eu estive no carnaval, estive nos primeiros dias, naqueles em que se apresentaram as escolas, eu estive lá. E também estive agora, nesse sábado passado, também estive lá. E quero fazer aqui uma manifestação da grandiosidade, da beleza, da evolução, de como progrediu, de quanto merecem aplausos os nossos carnavalescos de Porto Alegre pelo que apresentaram na nossa Avenida do Samba, aqui, em Porto Alegre. E olhem que eu sou um péssimo – até nem deveria dizer – bailarino, não sei sambar. Agora, Porto Alegre tem crescido, Ver. Dr. Thiago, e eu participo e assisto ao carnaval desde 1989. Porto Alegre tem estado num nível bastante positivo no que se refere ao carnaval. Eu acredito que se cresceu bastante, o nosso sambódromo foi um grande acerto, as escolas investiram bastante, o carnaval se qualificou. Sábado passado, nós tínhamos dezenas de milhares de pessoas lá no sambódromo, para ver a apresentação das vencedoras. Isso, por si só, mostra a beleza que o carnaval de Porto Alegre propiciou para a Cidade. Então, deixando de lado acontecimentos que eu não sabia, falando no evento em si, meu caro Todeschini, ele merece um registro todo especial de nossa parte. Obrigado.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Nelcir Tessaro): O Ver. DJ Cassiá está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. DJ CASSIÁ: Sr. Presidente, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, talvez eu não use os cinco minutos da Liderança. Sabem que eu fico sentadinho ali, analisando, ouvindo, aprendendo e também me surpreendendo muito, porque, neste ano em que eu estou aqui, eu já vi diversas manifestações, e uma delas, que se repete muito, é de que esta Cidade é muito ruim. Às vezes, sobe algum Parlamentar aqui e repete direto e reto: “Esta Cidade é muito ruim!” Ora, se é ruim, procure outra Cidade para morar. Agora, esta Cidade, para mim, é a Cidade da oportunidade! Esta Cidade, para mim, é uma cidade que abre espaço para a Fronteira, para o Interior! Ontem mesmo, eu passeava com uns amigos meus, cariocas, e eles ficaram impressionados com a estrutura que é Porto Alegre. E eu quero aqui dizer, Ver. Luiz Braz, que atentamente eu ouvi o seu pronunciamento, e o senhor falava sobre a questão do investimento de um milhão, um milhão e meio de reais, daí por diante, na questão que saiu - de onde eu não sei - para o investimento no carnaval. O carnaval é a maior manifestação popular e merece o nosso respeito. Agora, eu pergunto: debateu-se tanto aqui, Vereador, a questão do crack, e muita gente usou, infelizmente, da desgraça de outros para se promover, dando discursos! Por que não pegam esse um milhão, um milhão e meio, e não investem na recuperação desses jovens da periferia? Ora, porque não há interesse! Há interesse de vir aqui, Vereador, vir aqui e dizer que tudo é ruim, mas não dizem nada que é bom? Eu mesmo, daqui a pouquinho, Ver. Valter, estarei acompanhando o Prefeito e a Secretária de Educação, Ver. Todeschini, lá na Escola Nossa Senhora de Fátima. Essa escola é uma luta de 20 anos! Passaram vários Prefeitos nesse período, e quem é que resolveu? Ele, o Prefeito que não faz nada, José Fogaça! Está lá, uma escola de quatro milhões e meio de reais vai ser entregue, Ver. Comassetto, o senhor conhece. E eu gostaria até de que o senhor viesse aqui e também desse esse relato. Repito aqui: Governo que não investe em Educação não tem direito e não tem vontade nenhuma no desenvolvimento de seu povo, que é o que alguns Partidos acabaram fazendo. Eu repito aos meus colegas do PDT que admiro o PDT, porque esse foi um dos poucos Partidos que investiram na Educação de qualidade. Não é meu Partido, mas eu tenho que aqui ressaltar e dizer para a sociedade que esse Partido investiu na Educação de qualidade, construindo os CIEPs! Ora, pergunto aos senhores aqui: onde estão os CIEPs? Quem acabou com os CIEPs? Não foi o PMDB, foi alguém que veio antes. Por quê? Porque é uma escola que dá condições para o filho do Seu João, da Dona Maria de ter condições dignas de crescer com uma Educação de qualidade.

Agora, aqui, Ver. Todeschini - só citei o seu nome, tenho grande respeito por V. Exª -, eu não vejo alguns colegas darem um relato bom de um governo tal porque não é do seu Partido! Eu não tenho isso! Muitas vezes exaltei o Presidente Lula. Não tenho isso, porque a coisa, quando é boa, a gente tem que falar que é boa; quando é ruim, temos que dizer que é ruim. Agora, vamos parar com isso!

Ver. Valter, eu vou dizer uma coisa para o senhor: eu me orgulho desta Cidade aqui, não sou natural dela, mas eu me orgulho de morar aqui, eu me orgulho de falar que eu moro em Porto Alegre. Se for falar de Saúde ruim, meu Deus do céu! Vou pegar várias Capitais, várias cidades aí que não dão o mínimo de condições que hoje nós temos aqui.

Então, quero aqui concluir, Ver. Brasinha, dizendo que a gente não pode ter vergonha de dizer que o governo tal, mesmo não sendo do seu Partido, faz o bem! Vergonha é dizer que tudo é ruim! Ora, está mentindo para si mesmo, porque a sociedade sabe que não é ruim. E, se fosse ruim, não teria se reelegido e se reelegeu.

Eu quero aqui, mais uma vez, dar os parabéns ao Prefeito Fogaça, porque, quando se trata de Educação, eu bato palmas e eu tenho batido palmas, porque ele tem feito uma revolução, uma revolução em Educação Infantil! Muito obrigado.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. REGINALDO PUJOL (Requerimento): Sr. Presidente, solicito um minuto de silêncio pelo falecimento, ocorrido ontem, da Drª Helga Becker de Mello, esposa do ex-Presidente do Conselho de Cidadãos Honorários de Porto Alegre, Jorge Krieger de Mello, cuja cremação se dará ainda no dia de hoje. Eu queria, num duplo Requerimento, solicitar um minuto de silêncio em homenagem à Drª Helga Becker de Mello e, depois, que V. Exª me considerasse em representação, porque eu comparecerei, dentro de alguns minutos, aos atos fúnebres que estão sendo celebrados no Crematório Metropolitano. Era isso, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE (Nelcir Tessaro): Ver. Reginaldo Pujol, V. Exª tem a representação concedida. Quanto ao minuto de silêncio, já foi outorgado no início da Sessão de hoje, a pedido do Ver. João Carlos Nedel. Então, já foi prestado o minuto de silêncio, mas V. Exª tem a representação para os atos fúnebres.

A Verª Maria Celeste está com a palavra para uma Comunicação de Líder, pela oposição.

 

A SRA. MARIA CELESTE: Sr. Presidente, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, acho extremamente oportuno, Ver. João Antonio Dib, que a Câmara levante a discussão em pauta de projetos e de questões tão relevantes para a Cidade, como é o carnaval e como é a questão da Saúde. Agora, mais relevante do que isso - e é importante que se faça o debate – é que se tenha coragem de assumir esses temas e que se tenha coragem de assumir a nossa maior atribuição, como V. Exª bem apregoa nesse plenário para todos nós que somos mais jovens em termos de vereança nesta Casa, que é a atribuição da fiscalização. Eu ainda não vi e não tive a oportunidade de ver a coragem que alguns Vereadores deveriam ter para assinar uma CPI da Saúde. Desvirtua-se o tema na questão do carnaval, em torno de questões levantadas pelos jornais, ou não, porque parece que isso não saiu nos jornais, são ruídos a respeito do carnaval de possível envolvimento de A, B ou C, nas escolas de samba. Mas, quando se tem que tomar aqui uma posição corajosa em cima de denúncias concretas de uma manifestação da Polícia Federal, de uma manifestação do Ministério Público Estadual, aliás, de uma fala do Promotor que esteve aqui na Comissão de Saúde, representando a Drª Simone Mariano, dizendo, inclusive, que o Prefeito poderá responder, pessoal e criminalmente, pela sua omissão a partir da Recomendação nº 10, que foi encaminhada ao Executivo local, em 2007, eu ainda não vi, mas eu quero ver a coragem dos Vereadores e Vereadoras desta Casa de assumirem essa fiscalização. Eu ainda não vi e quero ver, porque sobre o carnaval nós também temos muitas coisas para perguntar e para questionar. Por exemplo: na semana passada, o Secretário de Cultura anunciou que traria um renomeado arquiteto para dar continuidade às obras lá da Pista de Eventos do Porto Seco. Se não me falha a memória, Ver. Dib e Ver. Luiz Braz, que estavam aqui quando da discussão da construção da Pista de Eventos, essa obra já foi licitada e já foi paga. Foi ganha por um renomado arquiteto, que eu, inclusive, posso dizer o nome aqui, o Sr. Raul Macadar; e a empresa vencedora foi a Beck de Souza Engenharia Ltda. Licitou, ganhou, já foi pago. E, agora, o Secretário de Cultura vai contratar um outro arquiteto, para fazer um projeto sobre algo que já está pago e licitado? Eu também quero saber e gostaria de que o Líder da situação respondesse a esse questionamento sobre o carnaval e não viesse aqui falar apenas sobre os fuxicos do carnaval, eventuais suposições de que A, B ou C, de Partido A, B ou C, estaria favorecendo a escola A, B ou C.

Essas questões nós queremos saber em cima de fatos concretos, em cima de falas que levaram e levam, por exemplo, na Saúde, ao questionamento da Polícia Federal, à investigação da Polícia Federal, especialmente ao questionamento do Ministério Público Estadual, às questões que o Prefeito e os Secretários terão que responder. E, mais do que isso, nós também queremos saber, Ver. João Antonio Dib, o resultado da sindicância aberta na Prefeitura Municipal sobre o caso do Instituto Sollus que, até agora, não nos foi informado. Nós não sabemos. Se houve alguma questão encaminhada para esta Casa, foi apenas para os Vereadores de situação, porque, à oposição, não chegou retorno algum, resposta alguma da providência que o Prefeito teria tomado sobre a questão do Instituto Sollus. O que nós sabemos até agora é que há um desvio de 9 milhões e 600 mil reais, sim, dado levantado pela Polícia Federal, Ver. João Carlos Nedel, inclusive nos jornais da Cidade está escrito, não é esta Vereadora que está inventando esse dado e esse número, foi levantado pela Polícia Federal! Nós queremos saber onde foi parar, porque a Saúde pública no Município de Porto Alegre está muito aquém do que merece o nosso cidadão.

Eu tenho orgulho, Ver. DJ Cássia, de morar na cidade de Porto Alegre. Agora, envergonha-me uma Administração que deixa larápios subornarem e retirarem dinheiro da Saúde de Porto Alegre, porque é o homem, a mulher, a criança, o jovem e o idoso da periferia que estão sendo roubados!

Portanto, eu conclamo esta Casa de nobres Vereadores e Vereadoras a assumirem, com responsabilidade, as questões do carnaval e a assinarem, corajosamente, a CPI da Saúde na Câmara Municipal de Porto Alegre. Muito obrigada.

 

(Não revisado pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Nelcir Tessaro): Havendo quórum, passamos à

 

ORDEM DO DIA

 

O SR. BERNARDINO VENDRUSCOLO (Requerimento): Sr. Presidente, na última Sessão, quando discutimos Projeto de minha autoria, eu solicitei o seu adiamento por uma Sessão. Seria lógico que ele estivesse em primeiro plano, agora, para votação.

 

O SR. PRESIDENTE (Nelcir Tessaro): Em votação o Requerimento, de autoria do Ver. Bernardino Vendruscolo, que solicita alteração na ordem de votação, para que seja votado em primeiro lugar o PLCL nº 033/06. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

(discussão: todos os Vereadores/05minutos/com aparte;

encaminhamento: autor e bancadas/05 minutos/sem aparte)

 

PROC. Nº 5839/06 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO Nº 033/06, de autoria do Ver. Bernardino Vendruscolo, que inclui §§ 1º e 2º no art. 29 da Lei Complementar nº 197, de 21 de março de 1989, que institui e disciplina o Imposto sobre a transmissão “inter-vivos”, por ato oneroso, de bens imóveis e de direitos reais a eles relativos, e alterações posteriores, dispondo sobre a possibilidade da apresentação, pelo contribuinte, de até 3 (três) pareceres técnicos para a solicitação de reestimativa fiscal. Com Emenda nº 01.

 

 

 

Pareceres:

- da CCJ. Relator Ver. Mario Fraga: pela inexistência de óbice de natureza jurídica para a tramitação do Projeto;

- da CEFOR. Relator Ver. João Carlos Nedel: pela aprovação do Projeto;

- da CUTHAB. Relator Ver. Ervino Besson: pela aprovação do Projeto;

- da CEDECONDH. Relatora Verª Maria Luiza: pela aprovação do Projeto.

 

Observações:

- para aprovação, voto favorável da maioria absoluta dos membros da CMPA – art. 82,

§ 1º, I, da LOM;

- adiada a discussão por uma Sessão;

- discutiram a matéria os Vereadores B. Vendruscolo, P. Ruas (cedeu p/ B. Vendruscolo), F. Melchionna (cedeu p/ P. Ruas), A. Ferronato e J. Pancinha em 17-02-10.

 

O SR. PRESIDENTE (Nelcir Tessaro): Em discussão o PLCL nº 033/06. (Pausa.) Já discutiram a matéria o Ver. Bernardino Vendruscolo, Ver. Pedro Ruas, Ver. Airto Ferronato e Ver. João Pancinha. (Pausa.) Não há mais quem queira discutir. (Pausa.) Em votação a Emenda nº 01 ao PLCL nº 033/06. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que a aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADA, com os votos contrários dos Vereadores Pedro Ruas e Fernanda Melchionna.

Em votação o PLCL nº 033/06. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO, com os votos contrários dos Vereadores Pedro Ruas e Fernanda Melchionna, e abstenção dos Vereadores Carlos Todeschini, Sofia Cavedon e Maria Celeste.

 

DISCUSSÃO GERAL

 

(discussão: todos os Vereadores/05minutos/com aparte)

 

2ª SESSÃO

 

PROC. Nº 2085/08 - PROJETO DE EMENDA À LEI ORGÂNICA Nº 001/08, de autoria do Executivo Municipal, que acrescenta parágrafo único ao artigo 33 da Lei Orgânica do Município. (PSF/CLT)

 

Pareceres:

- da CCJ. Relator Ver. Bernardino Vendruscolo: pela inexistência de óbice de natureza jurídica para a tramitação do Projeto;

- da CEFOR. Relator Ver. Mauro Pinheiro: pela aprovação do Projeto;

- da CUTHAB. Relator Ver. Waldir Canal : pela aprovação do Projeto;

- da CEDECONDH. Relator Ver. Toni Proença: pela aprovação do Projeto;

- da COSMAM. Relator Ver. Aldacir José Oliboni: pela aprovação do Projeto.

Observação:

- discussão geral nos termos do art. 129 do Regimento da CMPA.

 

O SR. PRESIDENTE (Nelcir Tessaro): Em discussão o PELO nº 001/08. (Pausa.) A Verª Sofia Cavedon está com a palavra para discutir o PELO nº 001/08.

 

A SRA. SOFIA CAVEDON: Sr. Presidente, eu quero aqui voltar a discutir o tema da mudança da Lei Orgânica, rompendo com o princípio único do Regime Jurídico Único, Ver. Dib, luta dos trabalhadores públicos e dos trabalhadores deste País. Esta é mais uma marca que o Prefeito Fogaça quer deixar na Cidade de Porto Alegre que não será com o nosso voto. O drama que o Programa de Saúde da Família viveu estes anos a partir do rompimento com a FAURGS tem mais um capítulo neste tema, é mais um capítulo que sela o destino destes trabalhadores. A FAURGS, lembremos, desistiu de coordenar e de manter as equipes do Programa de Saúde da Família, porque foi penalizada pela Prefeitura, que não passava mais o recurso de administração do convênio. Alguns milhões devia a Prefeitura à FAURGS, que muito séria, muito conscienciosa, muito capaz, pois, veja bem, nós éramos situação, minoria, e eu não me lembro de um Vereador vir à tribuna e dizer que a FAURGS desviava dinheiro, ou que a FAURGS não coordenava bem o Programa de Saúde da Família. O que fez o Prefeito Fogaça? Suspendeu o repasse dos recursos para a administração do convênio, Ver. João Dib, e obrigou a FAURGS a dizer que não tinha mais interesse em manter o Programa de Saúde da Família. E o Tribunal de Contas apontou que a FAURGS, dois ou três meses antes, disse à Prefeitura que naquelas condições não manteria. Quando o Ver. Comassetto diz que a Prefeitura passou a gastar mais, Ver. Braz, com o Sollus do que com a FAURGS, sabe do que ele fala? Exatamente dos recursos de administração, exatamente dos recursos que o Governo não repassava para a FAURGS, porque era ilegal gastar com esta parte de administração - que tem um nome específico, que eu gostaria de que me lembrassem -, que passou de 11%, que era o gasto com a FAURGS, para 19%, sem os agentes comunitários de saúde, pois os agentes foram para a Prefeitura.

 

O Sr. Luiz Braz: V. Exª permite um aparte? (Assentimento da oradora.) Verª Sofia, durante muito tempo a Prefeitura repassou estes recursos administrativos para a FAURGS, e eu não vejo nem por parte de V. Exª, nem por parte de nenhum outro Vereador, cobrança para que haja devolução destes valores que eram pagos de forma irregular. Então, acho que, da mesma forma como estamos requerendo que qualquer recurso que tenha sido pago de forma ilegal seja devolvido, também esses recursos da FAURGS que, notoriamente, foram recursos pagos de forma indevida têm que ser cobrados para ser devolvidos.

 

A SRA. SOFIA CAVEDON: Ver. Braz, eu não sei a que o senhor se refere quando fala “notoriamente” e “pagos indevidamente”, porque era verdade que vinham sendo apontados, como até hoje, aliás, o Ministério Público e o Tribunal de Contas apontam, bem como a norma do SUS, que a rede básica de Saúde tem que ser ofertada pelo Município diretamente, e não terceirizada, esse era o grande apontamento.

Agora, volto a insistir: a FAURGS levava 11%, sempre prestou contas corretamente, porque não há um questionamento das contas da FAURGS, o questionamento era o quesito, vamos dizer assim. E, passando para o Sollus, elevou-se para 19%, Ver. Braz!

 

O Sr. Luiz Braz: V. Exª permite um aparte? (Assentimento da oradora.) Desculpe, Vereadora, eu particularmente acho errado tanto uma fórmula, que é esse recurso de administração, como a outra, que é de recurso operacional, acho as duas formas realmente contrárias aos interesses da população. Agora, nas duas houve ilegalidade ou, pelo menos, na da FAURGS, notoriamente temos ilegalidades, e eu gostaria também de contar com V. Exª nesse pedido que fazemos para que aqueles recursos também sejam devolvidos.

 

A SRA. SOFIA CAVEDON: Ver. Braz, o senhor formalize quais foram as irregularidades, porque o problema está na origem, está no conceito: terceirizar o Programa de Saúde da Família implica gastos de administração e operacional, é óbvio! Não se coordena uma equipe com seiscentos, setecentos funcionários, se não tiver uma equipe para fazer o contracheque, para atender ao funcionário, para ter uma estrutura, é óbvio. Agora, explique, Ver. Valter Nagelstein, como sobe de 11% para 19% com a contratação do Sollus, se ele diminuiu o número de agentes comunitários de saúde?

 

O Sr. Valter Nagelstein: V. Exª permite um aparte? (Assentimento da oradora.) Vereadora, eu agradeço o aparte e gostaria de falar sobre o Projeto que estamos votando. Só quero lembrá-la de que, há dois meses, V. Exª, este Vereador e todos os Vereadores aprovamos a lei dos PSFs, depois de uma pressão de todos os Vereadores e do compromisso assumido por esta Câmara, e definimos isso que está aqui. Então, quero dizer que me causa absoluto espanto ver a sua manifestação e dizer que vai votar contra, porque foi V. Exª que construiu, junto conosco, este momento que estamos vivendo aqui! E querer integrar estes servidores no regime estatutário dentro da Prefeitura me parece algo absolutamente impensável e irresponsável para um gestor, porque, mesmo que tenha havido aquela Emenda Constitucional, a única forma que pessoas que são sérias no trato da coisa pública podem imaginar ingresso no serviço público é por concurso, porque é linear, vale para todo o mundo! Senão, estaremos estabelecendo uma prática odiosa de que uns podem entrar pela porta dos fundos, e isso tenho certeza de que nem a senhora, nem nós, nem ninguém quer.

 

A SRA. SOFIA CAVEDON: Ver. Valter, quero dizer que nós, da Bancada do Partido dos Trabalhadores, construímos com o conjunto dos Sindicatos, inclusive o Sindisaúde que aqui estava hoje, um Substitutivo que previa todos estatutários. E mais, construímos uma Emenda, igual à Emenda que aprovamos juntos aqui, de transitoriedade, ou seja, os funcionários que quisessem ficariam terceirizados e os demais, os novos, entrariam por concurso. Portanto, era possível, por uma definição política - e nisso somos minoria -, estabelecer estatutário o regime e fazê-lo, progressivamente, colocar em extinção a terceirização. Foi uma opção política do Governo Fogaça, da qual discordamos. E mais: não acho que seja necessário mudar a Lei Orgânica, Ver. Valter, para que o nosso Projeto ou o Projeto votado aqui por maioria se realize na vida, porque há legislação federal - discutida hoje, é verdade, nos Tribunais -, mas há uma legislação federal que dá respaldo. O Ministério Público diz que é sustentável. Não precisamos mexer na Lei Orgânica para abrir outros precedentes, quem sabe, em outros cargos, Ver. Dib. Daqui a pouquinho, estão colocando professor em CLT, que é para não pagar aposentadoria. É isso o que Prefeito Fogaça está fazendo, querendo abrir definitivamente, para que haja a volta a como era antes de 1988, com celetistas contratados, para terminar com a aposentadoria integral dos trabalhadores municipais! É isso, Ver. Dib! Alerta, colega municipário!

 

(Não revisado pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Nelcir Tessaro): O Ver. João Antonio Dib está com a palavra para discutir o PELO nº 001/08.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente, Ver. Nelcir Tessaro; se o Dr. Omar Ferri ainda fosse Vereador, ele diria que esta discussão de hoje é despicienda, seria a expressão que ele usaria. Nós, na semana passada, fizemos um primeiro dia de discussão, e eu acho que não tinha mais nada a ser acrescentado, porque, na verdade, o que está-se propondo é um parágrafo único no art. 33 da Lei Orgânica, que passa a dizer o seguinte (Lê.): “Os profissionais do Programa de Saúde da Família - PSF poderão ser admitidos pelo regime celetista." E por que isso? É porque os salários são completamente diferentes daqueles do Quadro e da Prefeitura. Nós não temos mais o que discutir, esse Projeto de Lei do Prefeito entrou dois anos atrás. Hoje nós vamos discutir? E trazendo à tona assuntos que não condizem com a matéria que está em discussão. Portanto, eu acho que nós devemos nos preparar para votar na próxima Sessão e dar oportunidade de organização dos Postos de Saúde da Família de que a Prefeitura precisa. Saúde e PAZ!

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Nelcir Tessaro): O Ver. Valter Nagelstein está com a palavra para discutir o PELO nº 001/08.

 

O SR. VALTER NAGELSTEIN: Sr. Presidente, Ver. Nelcir Tessaro; e Srs. Vereadores, tem razão, como no mais das vezes, S. Exª o Ver. João Dib. A discussão é absolutamente dispensável, mas a função de Líder do Governo me obriga a ter que reparar certas questões e a recapitular capítulos e passagens que nós construímos juntos aqui. Foi uma discussão árdua aqui na Câmara. Os sindicatos atrelados ao Partido dos Trabalhadores lotaram as galerias, fizeram as suas manifestações, que são do regime democrático, que são legítimas, a pressão que se estabelece sobre o Parlamento, que também é legítima, e, aliás, eu reconheço tanta legitimidade nisso que, de fato, os Vereadores se sentiram compelidos a definir a questão dos PSFs, e fizemos isso no final da Sessão Legislativa de 2009. Mas ali se pretendiam certas coisas que só pretende quem não tem o compromisso de governar, ou seja, quem é da oposição, aqueles que regem ou seguem a cartilha oposicionista do “quanto pior, melhor”, porque aí tem meios, recursos, argumentos para criticar o Governo. Vejam bem, a Constituição Federal de 1988 definiu - o que vale para todos, à exceção dos CCs, inclusive para os servidores públicos do nosso Legislativo - que a única forma de ingresso no serviço público seria mediante concurso. E, uma vez concursado, que é a regra que se estabelece para todos, é a regra geral, o cidadão é integrado ao sistema público, ao regime, via Estatuto Geral dos Servidores Públicos. Em algumas empresas públicas, em algumas outras modalidades, se admite a forma celetista, que, diferentemente do que diz a Vereadora, recebe todas as garantias trabalhistas, sim, tem aposentadoria! Como é que não tem? Tem aposentadoria do INSS, como todo trabalhador brasileiro! Agora, se pretender...

 

(Aparte antirregimental.)

 

O SR. VALTER NAGELSTEIN: A minha aposentadoria não, eu, como Vereador, não tenho. Agora, se pretender colocar pessoas pela porta dos fundos dentro do serviço público que não fizeram concurso? Bom, então, zerássemos! Vamos passar a régua, não valem mais os que estão! Aí é uma questão de ética de quem está contratado, e aí eu aplaudo e assino junto. Quem já está lá dentro assina e renuncia e se submete ao mesmo concurso dos outros que vão entrar. E aí vale para todo o mundo. Aí, sim, eu sou parceiro, para nós fazermos um novo momento, construirmos um novo momento. Agora, essa história de ficar advogando interesses corporativos, eu sinto muito que o PT tenha se especializado nisso. Um dos grandes cânceres da República brasileira hoje em dia é essa questão das corporações, porque cada uma só pensa, Ver. Toni, nos seus interesses imediatos, está preocupada com a questão do quinquênio, do decênio, do salário, das férias, da gratificação! Ótimo, tudo isso é muito bom, os trabalhadores têm direito! Mas e a contrapartida que a sociedade espera? E as regras que têm que ser gerais e têm que valer para todos?

Bom, esse é um capítulo que eu poderia seguir adiante. Tem um outro capítulo que a Vereadora sabe, mas que sonega na conveniência de seu discurso político. Isto é um programa, como ela reconheceu aqui da tribuna, inclusive questionado no âmbito do Supremo Tribunal Federal! Vamos que, daqui a uns dias, este programa seja declarado inconstitucional pela Suprema Corte brasileira, e aí, o que nós teremos feito em Porto Alegre? Nós teremos colocado para dentro do serviço público pessoas sem concurso. Como é que fica o ato jurídico perfeito, o direito adquirido frente à situação da declaração da inconstitucionalidade? Demitem-se essas pessoas? Então, enquanto esse imbróglio jurídico não se resolver, é claro que não se pode fazer isso, é o bom senso! E é por isso que o Prefeito Fogaça encaminhou o Projeto de Lei nesse sentido, no sentido de continuar, Ver. João Dib, aumentando as equipes do Programa de Saúde da Família - o que ele teve a capacidade de fazer, e o Partido dos Trabalhadores não teve -, contratando de forma transparente, coerente, usando o bom senso, usando a legalidade e não querendo fazer demagogia. Isso, sim, que é demagogia!

 

O SR. PRESIDENTE (Nelcir Tessaro): Ver. Valter, o Ver. Luiz Braz se inscreve para discutir o PELO nº 001/08 e cede o seu tempo a V. Excelência.

 

O SR. VALTER NAGELSTEIN: Muito obrigado, Sr. Presidente. Eu me lembro da fala da Verª Fernanda Melchionna me acusando de demagógico, ou de demagógica a minha fala. Aliás, ela não perde esse vezo de servir de sublegenda, com todo o respeito, do Partido dos Trabalhadores. O PSOL, com todo o respeito, não perde essa oportunidade de ser sublegenda, de viver à sombra do Partido maior, sempre atrelado no intuito de nos bater. Começou o seu discurso dizendo: “Eu quero falar com muita tranquilidade.” Mas quando alguma manifestação do PSOL teve tranquilidade? A invasão da Assembleia Legislativa, o protesto na frente da casa da Governadora, o trancar da Av. Borges de Medeiros, às cinco e meia da tarde, e outras arruaças que foram feitas por aí. Eu não vejo tranquilidade alguma.

Então, Sr. Presidente, voltando ao teor do meu discurso, quero dizer que o que nós temos que aprovar e o que eu esperei da Bancada do PT, Ver. Oliboni, V. Exª participou dessa negociação, V. Exª sabe do que eu estou falando, o que nós estamos construindo aqui é o que era possível construir. Estamos tratando do regime celetista dos trabalhadores. É bom que V. Exª responda, Verª Fernanda, e explique as suas incoerências. Como é que diz que brigou e continua atrelada, fazendo a defesa, desta tribuna, da visão política do Partido de que se diz independente, mas que não é independente nada? Não é, é sublegenda! Então, como é que a sua Bancada, Ver. Oliboni, diz que vai votar contra? Não posso compreender! Não posso compreender, Ver. Oliboni! E eu espero, por amor à coerência, por respeito à construção que há dois meses nós fizemos aqui, que esta não seja a posição majoritária da Bancada. Porque não adianta ir lá, fazer discurso para o sindicato e dizer “nós não fazemos”, quando, na verdade, é o Partido de V. Exas que cria um ambiente assim, como fez com o Simpa, lá atrás, que, por culpa de V. Exas, atrasou o abono três meses! E, depois, a Presidente Carmen Padilha teve que reconhecer isso. Atrasou o abono três meses, porque, se tivessem dito da forma como estávamos dizendo, teria sido pago o abono na hora. Então, é, de novo, essa mesma toada, esse mesmo diapasão, Ver. Mauro Zacher, de fazer os acordos e, logo em seguida, rasgá-los e fazer populismo, dar as costas para o que celebrou aqui dentro da Câmara e querer ir lá no sindicato fazer outro discurso. Os trabalhadores da Saúde de Porto Alegre não podem aceitar, porque querem ter os direitos da integralidade. Claro que sim! Nós também queremos, mas nós queremos que o direito que vale para um trabalhador brasileiro valha para todos, que a única porta de acesso ao serviço público seja a do concurso universal, porque aí, sim, nós estaremos fazendo política com dignidade e estabelecendo a verdadeira justiça na construção seja do sistema de Saúde, seja de qualquer outro serviço público que se busque construir. Muito obrigado, Sr. Presidente; muito obrigado, Srs. Vereadores.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Nelcir Tessaro): O Ver. Aldacir José Oliboni está com a palavra para discutir o PELO nº 001/08.

 

O SR. ALDACIR JOSÉ OLIBONI: Nobre Presidente, Ver. Tessaro; Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, público que acompanha a Sessão no dia de hoje, o Programa de Saúde da Família hoje tem 94 equipes em Porto Alegre, e cada equipe é composta por um médico, um enfermeiro, dois técnicos de enfermagem e quatro agentes comunitários. Nós discutimos esse Projeto que tem um enorme interesse, com certeza, de toda a população e desta Câmara não só para determinar o regime que vai ser estabelecido, seja ele estatutário ou celetista, como também para definir que o Governo aumente as equipes do Programa de Saúde da Família em Porto Alegre. Enquanto não se decidir, o Governo, realmente, está num brete. No Projeto que nós votamos no ano passado, existia um Projeto de Lei encaminhado pelo Executivo e um Substitutivo apresentado pela Bancada do PT. Pois esse Substitutivo determinava o regime estatutário, e nós, na disputa de plenário, perdemos a ideia do regime estatutário. Mas nós aprovamos, Dr. Raul, o Projeto apresentado pelo Executivo, com muitas emendas. Havia 13 emendas deste Vereador, sendo que sete foram aprovadas. E o Governo, em uma das emendas, criava um novo departamento dentro da Secretaria Municipal da Saúde. Quem gerenciava o Programa era o Sollus, que foi afastado por falcatrua, com certeza dá para dizer isso, e hoje o Programa é gerenciado pelo Instituto de Cardiologia. Pois o Governo tem um prazo de seis meses a um ano para também dispensar o Instituto de Cardiologia, Ver. Todeschini, e criar esse novo departamento dentro da Secretaria Municipal da Saúde. E aí, sim, admitir os trabalhadores por regime estatutário ou por regime celetista. O que nós estamos discutindo aqui é que o futuro desses trabalhadores, daqui para diante, seja o regime celetista, conforme diz o Projeto de Lei. Ora, eu queria perguntar ao Governo de que forma ele vai gerenciar apenas um segmento, ou parte dele, dentro da Secretaria Municipal da Saúde, com regime celetista e todos os demais com regime estatutário. Ele vai conseguir fazer isso? Não há uma certa discriminação em alguns servidores estarem dentro da Secretaria em regime estatutário e outros em regime celetista? Será que aquele Projeto de Lei que perdemos a disputa já não disse qual é o regime? Para mim, sim; já disse. Perdemos, no Substitutivo, o regime estatutário, mas ele diz que, em não sendo o regime estatutário, prevaleceria o regime celetista. Pois o Governo tem um outro Projeto de Lei que ora aqui estamos discutindo - diferenciado daquele, esse é uma Emenda à Lei Orgânica - que determina o regime celetista. Há uma enorme confusão do próprio Governo em saber por qual regime ele vai optar para gerenciar o Programa de Saúde da Família em Porto Alegre.

Então, creio que há uma preocupação, porque todos nós queremos que os serviços públicos não sejam terceirizados, não sejam dominados por OSCIPs, mas que sejam incorporados à Administração pública direta, com estatutários por concurso público. Nós fizemos aqui na Casa várias discussões, inclusive realizamos Audiências Públicas em que nós ouvimos os profissionais desse segmento. Por exemplo, os médicos disseram o seguinte, Ver. Tessaro, V. Exª estava presente numa reunião com a Mesa Diretora: em sendo o funcionário concursado, isto é, estatutário, o salário oferecido pelo Município é insatisfatório, é em torno de mil e 600 reais; em sendo celetista, da forma como está hoje no Programa de Saúde da Família, ele está recebendo, no mínimo, um salário de 4 mil e poucos reais, chegando a quase 6 mil, dependendo da carga horária. Então, os médicos preferem o sistema celetista; já os enfermeiros e técnicos de enfermagem preferem o estatutário; e os agentes comunitários, em não conquistando o regime estatutário, também aceitariam o regime celetista.

O que cabe a nós é dizer ao Governo qual regime nós queremos que gerencie o Programa de Saúde da Família em Porto Alegre. E até conclamaríamos! Quem sabe fizemos aqui um acordo de poder modificar, através de emenda, para que seja regime estatutário; bom, se perdermos em Plenário, se não houver o convencimento dos Vereadores, então se vota no celetista. Mas o ideal tem de ser perseguido por todos nós: gerenciar os serviços públicos da Administração Direta em Porto Alegre com regime estatutário. Porque o que todos nós queremos é segurança, estabilidade, coerência na Administração e valorização dos trabalhadores. Muito obrigado.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Nelcir Tessaro): O Ver. Carlos Todeschini está com a palavra para discutir o PELO nº 001/08.

 

O SR. CARLOS TODESCHINI: Sr. Presidente, Ver. Tessaro; Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, público que nos acompanha, o nosso boa-tarde. É importante fazer este debate com profundidade e também lembrar que foi graças à Mesa anterior e à pressão exercida pela COSMAM e pelo Ministério Público que foi aprovado o Projeto que cria o Programa de Saúde da Família; porque, se dependesse da vontade do Executivo, não teria sido criado. É importante fazer este registro, porque o Presidente Melo foi determinante para aprovar, no dia 17 de dezembro, essa Lei, que também contava com uma proposição construída pelas entidades, pelos sindicatos, pelo movimento social que, através da Bancada do PT e outras, apresentou o Substitutivo ao Projeto de origem do Governo. Diferentemente do que disse aqui a Liderança do Governo, não se trata de demagogia, trata-se de visão de Estado, trata-se de visão de gestão, não relativa a este Governo, mas para que o PSF tenha a necessária perenidade. Por isso nós defendemos, sim, que o regime deveria ser estatutário, e defendemos uma outra posição completamente clara e articulada junto com o movimento social, com os sindicatos e, em especial, com os trabalhadores da Saúde.

Eu quero também fazer um gancho com as manifestações relativas às questões envolvendo a terceirização do serviço de Saúde. Eu quero reconhecer que a forma de contratação dos gestores terceirizados na Saúde tinha problemas. Tinha problemas a FAURGS, porque não havia uma previsão pacificada e tranquila sobre a sua contratação, e por isso o Governo tomou a decisão de interromper os pagamentos, o que levou a FAURGS a romper o contrato, sair da gestão do PSF. Ocorre que, se havia problema com a FAURGS, um problema não autoriza que se construa um outro problema muito superior. O que aconteceu? Foi desligada a FAURGS, e foi contratado o Sollus, então prevendo taxa de administração, prevendo inúmeras outras questões que oneraram o Município significativamente. De outro lado, os problemas já estão apontados de maneira nítida e contundente pelo Ministério Público, pelo Tribunal de Contas, pela Polícia Federal e tudo mais. Portanto, não há salvaguarda em relação a essa questão. Se havia problemas com a FAURGS - e havia, temos que reconhecer -, os problemas se potencializaram à enésima potência com a contratação do Sollus, o que não deveria ter acontecido. O Governo deveria ter aproveitado a oportunidade e sanar os problemas que havia com a FAURGS, mas não só não o fez, como eles foram copiados e piorados em profusão.

 

O Sr. Dr. Raul: V. Exª permite um aparte?

 

O SR. CARLOS TODESCHINI: Nobre Ver. Raul, que sempre me acompanhou na Comissão, concedo-lhe o aparte.

 

O Sr. Dr. Raul: Obrigado, Ver. Todeschini. Eu gostaria de solicitar a sua parceria e a de todos os Vereadores, para que fizéssemos uma Moção aqui na Casa, para levar ao Ministério da Saúde, à Presidência da República, no sentido de que criemos, efetivamente, um marco regulatório nacional sobre a contratação dos PSFs. Acho que isso não é um problema só de Porto Alegre, já vem há muitos anos, e seria uma maneira de começarmos a cobrar nesse sentido.

 

O SR. CARLOS TODESCHINI: Obrigado pelo aparte. Tenho pleno acordo, Ver. Raul, não só com relação a isso, mas também defendo, advogo que os trabalhadores do SUS tenham um plano de carreira, porque um dos elementos de crise é esse. Nós temos funcionários federais, estaduais e municipais trabalhando nas mesmas funções com percebimento de salários e direitos completamente distintos. E é por isso que eu venho aqui, então, criticar essa opção que o Governo faz, porque isso é a reprodução da lógica que cria problemas no SUS, que são salários e direitos diferenciados. Eu sei que aqui a base do Governo tem ampla maioria, pode aprovar tudo o que quiser e vai aprovar a proposição, em coerência com a proposta do PSF, e que o regime de contratação não será estatutário, e, sim, celetista, com criação do departamento e tudo o mais, e que isso implica a necessidade da mudança da Lei Orgânica. Eu sei que a base do Governo vai aprovar, mas isso exacerba, aumenta o problema que nós temos identificado do tratamento diferenciado e discriminatório de funcionários por ter dois regimes diferenciados de pagamento. Agora, talvez, tenhamos quatro carreiras médicas diferentes no Município de Porto Alegre. Como vai ser administrado isso? Não sei, mas o Governo tem que estar alerta. Precisamente por esse motivo é que nós abrimos cem vagas para contratação de médicos, agora no final do ano, e, para cada um que entra, tem dois que saem, porque o regime não consegue dar conta dos problemas enfrentados pela categoria. E isso se reflete no cotidiano dos problemas da Saúde, Ver. Pedro Ruas.

Então, vejam só por que estamos fazendo este debate. E não é demagógico, não, porque é uma construção que se fez com posições coerentes ao longo dos Governos, que é a defesa do regime estatutário, do concurso público, da estabilidade e das garantias para os trabalhadores. Obrigado pela atenção.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Nelcir Tessaro): A Verª Fernanda Melchionna está com a palavra para discutir o PELO nº 001/08.

 

A SRA. FERNANDA MELCHIONNA: Sr. Presidente, Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, público que nos assiste na TVCâmara, colegas do plenário; este é um assunto muito sério, e justiça tem que ser feita aos que garantiram que, enfim, o Programa de Saúde da Família e a criação do departamento saíssem do papel. O Governo ficou dois anos “sentado em cima” da proposta nesta Câmara Municipal, para que não houvesse a garantia de um controle público dos agentes que trabalharão no Programa de Saúde da Família. E, se não fossem as pressões, a Comissão de Saúde e Meio Ambiente, quando V. Exª a dirigia, Ver. Carlos Todeschini, o bom senso do Presidente da Câmara, Ver. Sebastião Melo; e, sobretudo, a luta dos trabalhadores da Saúde, dos sindicatos, das associações, nós hoje ainda estaríamos remando e pedindo a liberação do Projeto pela CCJ para que haja um marco regulatório na contratação desses agentes. E o debate sobre como será esse concurso público, esse processo seletivo, qual será a regulamentação desse profissional traz argumentos muitos sérios, tanto para a Saúde pública quanto para a situação laboral desses trabalhadores que atuarão no Programa de Saúde da Família. Portanto, rebaixar, dizer que este é o possível, dizer que nós não podemos debater qual será o marco jurídico dessa relação de trabalho, no mínimo, é escamotear o debate. E, no mínimo, é escamotear os grandes danos que causaram a Reforma da Previdência de 1998 e, também, a de 2003, à qual vou me ater logo mais, na garantia da incorporação de uma aposentadoria justa e no repasse, inclusive, do tempo de trabalho, porque justamente aqueles que começaram a trabalhar mais cedo, graças a essas Reformas, demoram mais para se aposentar, o que também tem a ver com esses trabalhadores que exercerão essa função no Município de Porto Alegre.

Este é um debate muito sério, Sr. Presidente, mas, infelizmente, eu gostaria de trazer algumas verdades para esta tribuna, porque, de fato, há uma postura arrogante e descompensada do Líder do Governo, que não se permite ouvir o contraditório e resolve ter ataques e vociferar, desta tribuna, impropérios e inverdades que, evidentemente, têm que ser reparados e corrigidos aqui. O Vereador fez um discurso que, além de demagógico, Ver. Carlos Todeschini, é incoerente. Diz o Vereador horrores sobre o PT. Diz o Vereador que o PSOL seria um apêndice do PT, quando os nossos Deputados Federais, os nossos dirigentes foram expulsos do PT por aqueles que sentaram no banco dos réus do “mensalão”, na época de 2003, como o Sr. José Dirceu e tantos outros. Dizem que o PSOL – o Líder do Governo dizia – é apêndice do PT, enquanto o PSOL manteve a coerência e votou contra a Reforma da Previdência e lutou, Ver. João Antonio Dib, para que se votasse a Emenda Constitucional nº 29, para garantir os 80 milhões de reais da Saúde pública em Porto Alegre, enquanto o Líder do Governo Lula “sentava em cima” do Projeto.

O Líder do Governo diz que o PSOL é apêndice do PT. Mas o PSOL terá candidatura própria, com muito orgulho! Aliás, como disse o jornal Zero Hora de sábado, o único Partido que tem um programa atualizado para o Estado - e, felizmente, o Ver. Pedro Ruas será o nosso porta-voz - e que terá candidato nacionalmente. Mas o Vereador não diz que é o PMDB, que está do lado do Governo Lula, que quer fazer aliança - aliás, pela posição do PT e do próprio PMDB - com a Ministra Dilma Rousseff, estando do lado da candidata do PT, no Congresso Nacional, daquele Partido que determinou o programa para as eleições de 2010. O Vereador não diz que o seu Partido ficou garantido com a Presidência do Senado do José Sarney graças ao acordo entre PT e PMDB que garantiu que não houvesse a investigação das representações contra o José Sarney. O Vereador não diz que o PMDB está na base do Governo Lula na Câmara Federal, garantindo que se “sente em cima” do fator previdenciário que arrocha o salário dos aposentados, que se “sente em cima” do Projeto que vincula o salário-mínimo à aposentadoria dos inativos. O Vereador não fala das maracutaias que eles fazem lá em cima, para que não haja mais gasto social das verbas públicas naquilo que é importante para o povo deste País.

Portanto, eu só posso, Ver. Pedro Ruas, concordar com Jarbas Vasconcelos. Ele disse que o PMDB vive permanentemente na busca de cargos, de tráfico de influência e de licitações dirigidas. E é o PMDB que está com o PT, não o PSOL. Justiça seja feita.

 

(Não revisado pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Nelcir Tessaro): O Ver. Toni Proença está com a palavra para discutir o PELO nº 001/08.

 

O SR. TONI PROENÇA: Sr. Presidente, Ver. Nelcir Tessaro; Sras Vereadoras e Srs. Vereadores; este Projeto que estamos discutindo aqui, Verª Fernanda, tem que ser discutido exaustivamente, não podemos sonegar o debate. Mas sobre ele nos debruçamos em 17 de dezembro, me refresca a memória o Ver. Todeschini, e o Ver. Oliboni fez aqui uma manifestação, quando analisamos o Projeto enviado pelo Governo e o Substitutivo proposto pela Bancada do PT. Isso é verdade, e esse debate foi feito. Mas, naquele momento, nos deparamos com um problema que vem da criação do Programa de Saúde da Família. Por ser um programa, ele não tem efetividade e perenidade necessárias, para que se possa fazer o concurso público – primeiro problema.

Segundo problema: nós temos 400 agentes comunitários de saúde, técnicos de enfermagem, enfermeiros e médicos que, há 15 anos, prestam serviço à comunidade e seriam eles todos demitidos, para que se pudesse fazer o concurso público, o que seria o correto, um concurso universal em que só entrariam como estatutários aqueles que fossem aprovados. Esse era o nosso segundo problema.

O terceiro problema, nós temos ouvido as manifestações, assistido na imprensa, são as incorreções, vou usar o termo, e as imperfeições desta relação com as entidades que administram o Programa de Saúde da Família - FAURGS, Instituto Sollus, Instituto de Cardiologia - e as possibilidades equivocadas que geram esses contratos, ou as escolhas também.

Nós debatemos aberta e francamente, discutimos, negociamos com o Governo. Lembro que vieram a esta Câmara, no dia da votação, vários Secretários de Governo, Assessores Jurídicos da Prefeitura, e negociamos - inclusive lá no Salão Nobre da Presidência, porque interrompemos a Sessão por alguns minutos - a possibilidade de aprovar, não como diz a Verª Fernanda, o possível, por ser um debate raso ou fugir do debate, mas de aprovar o mais justo que era possível naquele momento. Ou seja, dar ao Governo a tranquilidade de que, se por um acaso – e bato na madeira – este programa for encerrado em Brasília, não fiquemos nós com mais de 600 profissionais contratados sem ter origem de recursos para o pagamento dos seus salários. Fato um.

Segundo, nós sabemos – e o Ver. Dr. Raul que me socorra – que os trabalhadores do Programa de Saúde da Família são mais bem remunerados que os estatutários. E por que são mais bem remunerados? Porque justamente não têm estabilidade, não são estatutários. Quer dizer, uma vantagem se sobrepõe à outra.

Diante disso, nós fizemos um grande debate e aprovamos o Projeto que exige que aprovemos também esta segunda parte. Inclusive, tem um Parecer da CEDECONDH redigido por mim. É o ideal? Não, não é o ideal. Mas, Verª Fernanda, é o possível e o justo, para fazer justiça àqueles trabalhadores que se dedicam à Saúde desta Cidade há mais de dez anos. Nós também aprovamos que, a partir de um determinado número, haveria concurso público. E aí ficamos, de novo, dentro de um impasse: como vamos ter um regime para alguns trabalhadores do PSF de um jeito e, para os novos, de outro?

Então, o que foi possível construir foi um Departamento de Saúde do Programa de Saúde da Família, seriam celetistas, todos admitidos por concurso, prova pública, à exceção daqueles que já prestavam serviço quando da aprovação da lei, e que, se o Governo Federal, como nos fazem notar algumas informações, transformar em lei o Programa Saúde da Família, aí sim, nós, aqui em Porto Alegre, poderemos transformar todos os trabalhadores em estatutários.

Essas eram as informações que eu queria trazer, porque essas foram as informações e as manifestações que debatemos ao longo do dia 17 de dezembro. Obrigado pela tolerância, Presidente Tessaro, obrigado aos Srs. Vereadores e às Sras Vereadoras.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Nelcir Tessaro): Não há mais inscritos para discussão do PELO n° 001/08.

 

DISCUSSÃO GERAL

 

(discussão: todos os Vereadores/05minutos/com aparte)

 

2ª SESSÃO

 

PROC. Nº 1520/09 – PROJETO DE EMENDA À LEI ORGÂNICA Nº 002/09, de autoria do Ver. Carlos Todeschini, que inclui § 5º no art. 98 da Lei Orgânica do Município de Porto Alegre, permitindo a subscrição eletrônica de projetos de iniciativa popular por meio da Internet.

 

Pareceres:

- da CCJ. Relator Ver. Reginaldo Pujol: pela inexistência de óbice de natureza jurídica para a tramitação do Projeto;

- da CUTHAB. Relator Ver. Engenheiro Comassetto: pela aprovação do Projeto;

- da CEDECONDH. Relator Ver. Toni Proença: pela aprovação do Projeto.

 

Observação:

- discussão geral nos termos do art. 129 do Regimento da CMPA.

 

O SR. PRESIDENTE (Nelcir Tessaro): Em discussão o PELO n° 002/2009. (Pausa.) O Ver. Carlos Todeschini está com a palavra para discutir o PELO n° 002/09.

 

O SR. CARLOS TODESCHINI: Obrigado, Sr. Presidente; Srs. Vereadores, colegas Vereadoras, retornamos aqui para discutir, em 2ª Sessão, este Projeto de Emenda à Lei Orgânica, em seu art. 98, que regra a participação popular no processo legislativo, dispõe sobre a matéria e tem o objetivo de viabilizar, técnica e praticamente, a possibilidade de ingresso de projetos de emenda popular. Hoje, para a sociedade ter a possibilidade de apresentar um projeto, requer-se a assinatura comprovada de 5% dos seus eleitores. Nós temos, em Porto Alegre, aproximadamente um milhão e 50 mil eleitores. Portanto, nós precisaríamos de 52 mil e 500 assinaturas. Apresentamos este Projeto, porque, depois de uma pesquisa realizada em todo o Brasil, vimos com pesar que, até agora, nenhum projeto de iniciativa popular pôde ser apresentado justamente porque esbarra nessa questão técnica, porque não tem como os tribunais, não tem como o TRE aferir os números e as assinaturas, inviabilizando essa forma que é uma previsão constitucional. A subscrição eletrônica - e como será, em detalhes, caberá aos técnicos do TRE ou do Município viabilizar - é uma possibilidade de a iniciativa popular se fazer presente, já que atualmente tem um elemento de impedimento prático e técnico, tanto é que, até hoje, não há um único projeto de iniciativa popular no Brasil.

 

O Sr. João Antonio Dib: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Ver. Todeschini, eu não sei se os 5% são uma determinação constitucional.

 

O SR. CARLOS TODESCHINI: É constitucional.

 

O Sr. João Antonio Dib: É uma lástima, porque a nossa Lei Orgânica anterior falava em 1%, o que seria muito mais sensato e muito mais fácil. Apesar de o nosso Canal 16 permanentemente dizer que com 5% se pode apresentar um projeto de lei, eu acho que realmente é difícil colher 52 mil e 500 assinaturas, com número de título, com endereço. É difícil, realmente.

 

O SR. CARLOS TODESCHINI: Veja só, não é tão difícil recolher as assinaturas como é difícil ou praticamente impossível o TRE fazer a aferição, esse é o problema. Então, nós estamos criando um mecanismo para que, uma vez tendo assinatura, possa haver a legitimação e autenticidade, para dar validade à proposição que será feita.

 

O Sr. Bernardino Vendruscolo: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Todeschini, seu Projeto é muito inteligente, quero dizer que votarei favoravelmente. Também saliento que a nossa Lei Orgânica fala em 5% inclusive para uma legislação específica de bairro. Esse assunto eu trago desde 2005. Naquele momento, eu sentia que não havia concordância de um grande número de Vereadores, e hoje me parece que isso já está pacificado. Então, nós vamos ter condições e temos hoje de fazer uma lei por iniciativa popular também para um determinado bairro. Quero cumprimentá-lo. Obrigado.

 

O SR. CARLOS TODESCHINI: Exatamente. Nesse sentido, Ver. Bernardino, agradecendo já pelo aparte, o Projeto vai dar legitimidade, autorização e condições materiais para esse tipo de iniciativa, porque o problema não está em coletar as assinaturas; está, isso sim, em aferir as assinaturas, em validar as assinaturas. Como nós temos um conjunto de ferramentas disponíveis através da informática, ela deve servir aos interesses da comunidade e à ampliação dos direitos de participação. É nesse sentido que nós estamos propugnando este Projeto de Lei, porque isso alarga os horizontes dos direitos e da mais ampla participação da comunidade, podendo-se alargar, sim, para os bairros ou para as outras situações específicas, de forma a melhor atender aos interesses, às aspirações, às vontades, enfim, da nossa comunidade.

Agradeço as manifestações feitas em solidariedade, e creio que podemos estar aqui também liderando, em conjunto com o Governo, com a Procempa, com o TRE, um mecanismo mais efetivo de participação, de expressão da vontade da comunidade. Obrigado pela atenção de todos.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Nelcir Tessaro): A Verª Sofia Cavedon está com a palavra para discutir o PELO n° 002/09.

 

A SRA. SOFIA CAVEDON: Eu gostaria de elogiar a iniciativa do Ver. Todeschini e convidar os nossos Vereadores a nos desafiarmos a entendê-la e aprimorá-la, quiçá, Ver. Todeschini, como uma medida fundamental de ampliação da prática democrática desta Câmara. Nós temos aqui acho que só experiência de emendas populares, não é Ver. João Carlos Nedel? A maioria das iniciativas que possam se transformar em projetos de lei são do Executivo e dos Vereadores. O protagonismo dos cidadãos, por si só, não está facilitado no sentido de mudar as leis, de propor iniciativas. Acho que é uma iniciativa muito importante e mobilizadora.

Nós vivemos agora a consulta popular. Acho que foi um dos momentos em que a Câmara de Vereadores mais foi olhada, talvez não da forma mais positiva, porque tivemos um drama com a questão do Cais do Porto, mas, pela primeira vez, muitos cidadãos estavam prestando atenção nesta Casa, nas decisões aqui tomadas e se sentiram participando, indicando ao Executivo o que eles querem da sua Cidade. Nós discutimos isso no Plano Diretor, de instituir os plebiscitos, porque acho que a nossa função aqui é passageira. A nossa função é uma função de fortalecimento da democracia, de construção de autonomia, de construção de cidadania, de independência, da apropriação do Estado público por cada cidadão, essa é a nossa função! Nós vamos embora, e eu gostaria de que, passando daqui, nós deixássemos a Cidade menos dependente dos seus representantes e mais protagonista, mais crítica, mais atilada, acompanhando. A TV aberta para mim é uma questão fundamental, Ver. Nelcir Tessaro. Eu lamento profundamente que a Governadora Yeda prefira assinar com a TV Bandeirantes, gastar um dinheirão e sufocar a TVE e a Rádio FM Cultura, para não assinar com a Rede Brasil de Televisão. Ou seja, quando o Governo Federal faz um movimento - e é esse o entrave, Ver. Tessaro, e eu quero me somar a sua gestão, para que nós consigamos superar esse entrave. Esse é o grande obstáculo de nós não termos aqui canais digitalizados públicos para compartilhar entre Câmara, Assembleia, Governo do Estado, TVE e FM Cultura. E mais alguma coisa nós poderíamos compartilhar, TV aberta, e a Governadora Yeda se nega a assinar, o que é lamentável. O que seria, na minha opinião, um superavanço na democracia, se a população pudesse dar uma passadinha no canal aberto e acompanhar os debates que esta Câmara faz. Seria um avanço muito importante.

Nós devemos trabalhar nesse sentido, Ver. Tessaro, sou parceira, são entraves grandes, o custo é alto, mas, dividido entre Câmara, Assembleia, Governo do Estado, Governo Municipal, é possível, é viável e trará um novo tempo para a democracia.

Então, Ver. Carlos Todeschini, sua iniciativa é emblemática, é mais uma iniciativa corajosa! Acho que todos os nossos mandatos aqui têm muita clareza, porque são mandatos de representação e não de substituição.

Quero finalizar dizendo - e tenho certeza de que em nome da minha
Bancada -, Verª Fernanda e Ver. Pedro Ruas, que me escutam, que nós, de maneira nenhuma, entendemos que o PSOL possa ser um apêndice do PT. Aprendemos a respeitá-los, eu sou uma, como muitos dos nossos companheiros, que discorda das expulsões do PT. Outros saíram do PT por outros motivos, e não é isso que define que esse Partido será ou não será dependente ou ligado ao PT. Nós reconhecemos a identidade que o PSOL vem construindo, a representação, a significação social, reconhecemos e aprendemos na relação com o PSOL. Temos - e quero dizer aqui para todos os Vereadores - orgulho de, mesmo com o PSOL tendo críticas e muitos tendo saído do PT, ser parceiros e temos muita identidade. Mas uma identidade com autonomia, uma identidade com respeito, uma convivência solidária e construtiva. E nós vamos divergir em alguns momentos, mas é exatamente porque somos dois Partidos e não um mesmo Partido.

Aqui fica o nosso reconhecimento de Bancada e o nosso repúdio ao Líder do Governo, quando tenta tirar a força do PSOL dizendo isso. Porque é isso, Verª Fernanda, na verdade, é o que acontece. O PSOL é contundente, incomoda, assim como nós estamos incomodando, e a melhor defesa é o ataque. Então, se ataca, porque não se sabe como responder a sérias e consequentes acusações que nós aqui estamos fazendo.

 

(Não revisado pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Nelcir Tessaro): O Ver. Bernardino Vendruscolo está com a palavra para discutir o PELO nº 002/09. V. Exª tem cinco minutos e são permitidos apartes.

 

O SR. BERNARDINO VENDRUSCOLO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sras Vereadoras, realmente, eu tenho cinco minutos, são permitidos apartes, agora, o que não é permitido é falar de outro assunto que não seja o Projeto. Eu vou falar do Projeto do meu caro Ver. Carlos Todeschini, imaginem se eu começar falar da TVE ou não sei de quê. Olha, eu já não lembro mais os assuntos que foram tratados aqui. O Projeto é do Ver. Todeschini, vamos tratar do Projeto, aí fica bom! Eu já disse a V.Exª, Ver. Carlos Todeschini, que vou apoiar o seu Projeto, e tenho certeza de que um dos primeiros projetos de iniciativa popular será aquele que vai criar uma lei, vai aprovar uma lei, para retirar de Porto Alegre esta maravilha! (Mostra fotografia.) Eu respeito o artista, mas, como cidadão, eu tenho o direito de não aceitar. E duvido que não tenha 5% da população em Porto Alegre disposta a assinar esse projeto. Eu tenho uma pesquisa: de um mil, trezentas e poucas pessoas, 80% respeitam esse objeto de arte, mas não o reconhecem como algo que possa representar as nossas cuias. Então, Ver. Todeschini, falando do seu Projeto...

 

(Aparte antirregimental.)

 

O SR. BERNARDINO VENDRUSCOLO: Não adianta, Verª Sofia, V. Exª sabe que estou falando do seu discurso, do discurso da querida Fernanda, mas aqui falaram de todos, do Governo Federal, da Governadora Yeda, do Prefeito Fogaça, nós estamos tratando do Projeto do Ver. Todeschini, que é um bom Projeto. Parabéns, Vereador!

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Nelcir Tessaro): Encerrada a discussão, em 2ª Sessão, do PELO nº 002/09.

 

O SR. PRESIDENTE (Nelcir Tessaro): Passaremos ao PLCL nº 024/07.

 

O SR. CARLOS TODESCHINI (Requerimento): Sr. Presidente, esse Projeto prevê uso do biodiesel na frota municipal. Estamos discutindo e já marcamos, inclusive, por pedido dos Vereadores que compõem a COSMAM - o Ver. Beto Moesch, nosso Presidente; o Ver. Dr. Raul e os demais Vereadores -, um seminário para aperfeiçoar e para produzir alguma emenda a fim de melhorar o Projeto. Então, solicito o adiamento da discussão e votação do Projeto por cinco Sessões, para dar tempo de aprofundarmos o assunto com os técnicos da área, com os empresários, com os fornecedores de motores, para que, no momento oportuno, possamos retornar e aprová-lo, o que será muito bom para a cidade de Porto Alegre.

 

O SR. PRESIDENTE (Nelcir Tessaro): Ver. Todeschini, tendo em vista este Projeto já haver tido a sua discussão adiada por cinco Sessões, fica deferida apenas a retirada de pauta da Ordem do Dia do PLCL nº 024/07. Assim, está retirado da priorização de pauta da Ordem do Dia.

Encerrada a Ordem do Dia.

Passamos à

 

PAUTA - DISCUSSÃO PRELIMINAR

 

(05 oradores/05 minutos/com aparte)

 

1ª SESSÃO

PROC. Nº 5283/09 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 237/09, de autoria do Ver. Bernardino Vendruscolo, que dispõe sobre a instalação e a retirada de obras de arte localizadas em próprios do Município de Porto Alegre e dá outras providências.

 

PROC. Nº 5432/09 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 242/09, de autoria dos Vereadores Pedro Ruas e Fernanda Melchionna, que inclui § 4º no art. 29 e altera o inc. XXX do art. 51, ambos da Lei nº 8.279, de 20 de janeiro de 1999 – que disciplina o uso do Mobiliário Urbano e Veículos Publicitários no Município e dá outras providências –, e alterações posteriores, proibindo propaganda que induza à prostituição e dando outras providências.

 

PROC. Nº 5673/09 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 249/09, de autoria do Ver. Ervino Besson, que denomina Rua Adair Martinelli o logradouro público cadastrado conhecido como Rua 7019 – Loteamento Residencial Moradas do Sul.

 

PROC. Nº 6023/09 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 261/09, de autoria do Ver. Paulinho Ruben Berta, que concede o título de Cidadã de Porto Alegre à senhora Rosane de Fátima Cavalheiro Soares.

 

PROC. Nº 0247/10 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 002/10, de autoria do Ver. João Antonio Dib, que denomina Rua Henrique Schneider o logradouro público cadastrado conhecido como Rua Três – Parque Residencial Malcon –, localizado no Bairro Sarandi.

 

2ª SESSÃO

 

PROC. Nº 5858/09 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 049/09, que cria 2 (duas) funções gratificadas junto ao Quadro de Postos de Confiança do Magistério Público Municipal e 1 (uma) função gratificada junto ao Quadro da Administração Geral da Prefeitura Municipal de Porto Alegre (PMPA), as 3 (três) a serem lotadas em Unidade de Ensino da Secretaria Municipal de Educação (SMED).

 

PROC. Nº 6051/09 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 054/09, que cria cargos de provimento efetivo de Médico Veterinário na Administração Centralizada do Município.

 

O SR. PRESIDENTE (Nelcir Tessaro): O Ver. Bernardino Vendruscolo está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. BERNARDINO VENDRUSCOLO: Sr. Presidente, Nelcir Tessaro; Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, o Projeto de nossa autoria que está em Pauta é o PLL nº 237/09, que dispõe sobre instalação e retirada de monumentos em Porto Alegre. Todos nós que conhecemos Porto Alegre sabemos que, em todas as praças, estamos vendo monumentos que homenageiam alguém. Não se discute aqui quem está sendo homenageado, o que queremos discutir são os cuidados com esses monumentos, porque é muito bonito propor monumentos e não cuidar, deixar para o Poder Público cuidar. O Poder Público hoje não tem mais condições de tomar conta desses monumentos. Então, nada mais justo, Ver. João Pancinha, do que aqueles que propõem - Ver. Beto Moesch, V. Exª que foi Secretário da SMAM - esses monumentos sejam os que deem a devida manutenção.

Aquele que mostramos há pouco não vamos mostrar mais, vamos dar um tempo. Mas vamos mostrar um que está ao lado da Usina do Gasômetro. (Mostra fotografia.) Vejam só! É um monumento cujos artistas nós também respeitamos, mas ali é um local onde muitos turistas desembarcam dos ônibus. E qual é o peso possível de o mirante suportar? Quantas pessoas? Não se sabe. Quem é o engenheiro responsável? Não se sabe. Quem é o arquiteto? Não se sabe. Agora, se eu for fazer uma reforma na cozinha da minha casa, eu tenho que ter um engenheiro, um arquiteto, e aqui não precisa. É nesse sentido, Ver. Beto Moesch, que nós queremos trazer um pouco mais de responsabilidade. Não vamos dizer que foram irresponsáveis aqueles que fizeram esse monumento, mas se precisa tomar esse cuidado. Imaginem a possibilidade de um desastre! E eu vou mostrar de novo, isto aqui é de ferro. (Mostra fotografia.) Quem dá manutenção? Qual é a durabilidade disso? Imaginem uma excursão com crianças, adultos, enfim, visitando, aproveitando aquele belo visual, e a possibilidade de um acidente. Pode acontecer! Quem dá manutenção? Não tem! Ninguém dá manutenção. Nós queremos, por meio de um Projeto de Lei, evidentemente, fazer com que quem proponha dê manutenção, apresente o responsável técnico, o engenheiro, o arquiteto.

E, por outro lado, temos monumentos em Porto Alegre que estão deslocados. Eu citaria aquele monumento que foi doado pelo governo uruguaio, que é um gaúcho uruguaio, que está em uma das pontas do Parque da Redenção, mais próximo do Centro, da Faculdade, aquele monumento bonito, lindíssimo está deslocado, escondido. Que se possa estudar a possibilidade de deslocar, por que não? Este aqui, por exemplo, eu colocaria num outro local! (Mostra fotografia.) Aqui onde ele está, eu colocaria uma cuia original, uma chaleira preta, aquilo que representa realmente os nossos usos e costumes. É uma coisa é muito delicada, sabe? Eu tenho dificuldade, eu posso até estar errado, mas acho que é meio refinado demais.

 

O Sr. Beto Moesch: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Bernardino, é muito importante pautar este assunto, porque, em primeiro lugar, nunca teve na história de Porto Alegre uma comissão, um departamento e verbas orçamentárias específicas para a manutenção dos monumentos da Cidade. Este é um assunto que deveria ser, na minha opinião, Sr. Presidente, mais trabalhado aqui pela Câmara de Vereadores, porque nós não podemos responsabilizar o Partido A ou B, o Governo C ou D, essa é uma dívida histórica que a Cidade tem com ela mesma.

Com relação a esses dois exemplos de monumentos que V. Exª traz, eles existem em virtude de uma parceria que a Bienal tem com a Cidade, ou seja, a Bienal entende que, ao fazer os eventos aqui, deve deixar alguns monumentos ou esculturas para a Cidade. Então, há engenheiro responsável, mas não há manutenção, ou seja, cabe à Prefeitura, depois, a manutenção desses monumentos. Nós não conseguimos sequer manter monumentos como o de Júlio de Castilhos, que é um dos principais do Brasil. Então, teríamos que pautar melhor isso. Não há uma instituição diretamente responsável e com verbas para a manutenção dos monumentos em Porto Alegre.

 

O SR. BERNARDINO VENDRUSCOLO: Obrigado. De qualquer sorte, achamos que a população precisa ser ouvida. Respeito a Bienal, mas a Cidade não pode receber um equipamento que não tenha os seus sentimentos. Por isso que nós, respeitosamente à Bienal ou a quem quer que seja, precisamos ouvir a Cidade. É esse o nosso objetivo também com o Projeto. Obrigado.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Nelcir Tessaro): A Verª Fernanda Melchionna está com a palavra para discutir a Pauta.

 

A SRA. FERNANDA MELCHIONNA: Sr. Presidente, colegas Vereadores, colegas Vereadoras, público que nos assiste, estamos às vésperas de mais um 8 de março, Dia Internacional da Mulher. Inclusive este ano, Ver. Bernardino, comemoram-se os cem anos da incorporação dessa data num Congresso da Segunda Internacional Socialista, em 1910. A data foi proposta pela revolucionária, lutadora Clara Zetkin e, depois, foi incorporada pela ONU, em 1975.

E aproveitando esse ensejo, Ver. Carlos Todeschini e Verª Sofia Cavedon, quero falar a respeito da nossa conversa sobre as lutas e sobre o que faremos, na Câmara, em relação ao Dia da Mulher. Talvez trabalhar com a questão da violência, já que, em janeiro, lamentavelmente, houve vários casos de violência, de assassinatos e pouca execução dos recursos, para que a Lei Maria da Penha seja cumprida.

Eu queria defender o nosso modesto Projeto que hoje está na Pauta para discussão, mas que é um Projeto bastante importante para aqueles que batalham, para aquelas mulheres que lutam contra a mercantilização do corpo da mulher. Nós cansamos de ver nas propagandas de cervejas, propagandas de carros, muitas vezes, a exposição e o uso da beleza do corpo feminino como forma de mercadoria, ou seja, você compra a cerveja tal e ganha uma loira de presente etc., etc. Cansamos de ver também, em Porto Alegre, a exposição do corpo das mulheres - muitas jovens e também de todas as idades - para associação ou indução de prostituição. Nós vemos as saunas para executivos. Não sei se alguma das mulheres aqui teve a oportunidade de assistir à propaganda de uma sauna para executivos, e aí aparece uma mulher, com corpo e rosto expostos, o que também, muitas vezes, violenta as próprias mulheres que, por necessidade, trabalham com sexo, mas que, ao mesmo tempo, não gostariam de ter a sua cara exposta, sendo humilhadas, apresentadas publicamente. E também colocam mais uma forma de publicidade, de mercantilização, de venda do corpo feminino por meio dessas propagandas de saunas, de massagens para executivos, com cartazes espalhados pelo centro da Cidade, com telefones e rostos, outdoors e folhetos. Nós sabemos que, em alguns casos, já se avançou na legislação e também sabemos que não podemos regulamentar a televisão. Mas os folhetos, os cartazes e outdoors ainda seguem, e é necessário que haja, portanto, uma proibição da mercantilização do corpo da mulher para atividades que induzam ou sugiram a prática de venda de sexo.

 

O Sr. Bernardino Vendruscolo: V. Exª permite um aparte? (Assentimento da oradora.) Verª Fernanda, eu quero deixar para a sua reflexão também as seguintes perguntas: como ficam as novelas, os programas como o Big Brother e, também, como fica o carnaval? Só para contribuir. Obrigado.

 

 A SRA. FERNANDA MELCHIONNA: Obrigada, Ver. Bernardino. Infelizmente, a nossa legislação está no âmbito Municipal, e o Vereador não tem possibilidade de legislar sobre os meios de comunicação, como a televisão, em escala nacional ou local. Infelizmente, há redes de televisão – V. Exª já deve ter visto – que faz propaganda, inclusive, para cabarés lamentavelmente.

Infelizmente, o nosso poder de Vereança não permite legislar sobre isso, ainda que eu ache que seja uma discussão distinta a do carnaval, em que há elementos culturais, enfim, outras razões, apesar de concordar com o artigo do Jorge Barcellos sobre a erotização das crianças, que ele escreveu no jornal Zero Hora de domingo, o nosso Doutor em Educação aqui do Memorial. Ele trouxe elementos importantes para o debate sobre a erotização das crianças e, ao mesmo tempo, a infantilização, um dos debates com os adultos, a partir de algumas cenas assistidas no carnaval de 2010, lá na Marquês de Sapucaí. Acho que são temas relevantes para o debate.

De qualquer sorte, a luta contra a mercantilização do corpo das mulheres é uma luta gigante. Nós não temos dúvidas de que o Projeto do Ver. Pedro Ruas e desta Vereadora ajuda a combater a mercantilização. Portanto, nós pedimos o apoio de todos os Vereadores e Vereadoras desta Casa, para que possamos avançar no sentido de defender, em alto e bom som, o corpo da mulher, que não é uma mercadoria.

 

(Não revisado pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Nelcir Tessaro): A Verª Sofia Cavedon está com a palavra para discutir a Pauta.

 

A SRA. SOFIA CAVEDON: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sras Vereadoras, serei muito rápida para que possamos encerrar a Sessão. Quero fazer um registro. Ver. Bernardino, não conheço o teor do Projeto que está entrando em debate, mas, se ele prevê consulta à população, eu acho que é muito pertinente. Mas uma consulta que possibilite o debate, porque a obra de arte nem sempre é entendida ou agrada aos olhos, a obra de arte existe para provocar emoções, e nem sempre emoções agradáveis. Eu defendo aquelas cuias, porque intrigam, dá para interpretar, e o senhor mesmo já subiu aqui e fez várias interpretações do que eram. Já colocando uma chaleira e uma cuia, ninguém vai pensar mais do que no gaúcho, porque vai estar muito explícito, e a obra de arte, normalmente, não é explicita, ela tem que provocar e permitir mil interpretações.

Então, acho que a consulta deve proporcionar o debate, nós não devemos querer cercear os nossos artistas e a arte, e sim fazer desta Cidade uma ebulição cultural.

 

O Sr. Bernardino Vendruscolo: V. Exª permite um aparte? (Assentimento da oradora.) É muito oportuna a sua colocação. A nossa tese é a seguinte: o artista tem liberdade de se expressar, quando ele vai colocar a sua obra de arte num local particular. Agora, quando ele vai colocar numa área pública, ele tem que ouvir o público. É só nesse sentido. Obrigado.

 

A SRA. SOFIA CAVEDON: Muito bem, Ver. Bernardino, eu queria lhe fazer uma provocação. Eu só concordaria em mudar de lugar essa obra de arte, se nós transformássemos aquele espaço num largo que chamaríamos de Largo dos Libertadores da América, porque nós temos os nossos heróis gaúchos, e eu soube que o busto do Artigas, libertador do Uruguai, foi retirado da praça do metrô, e está por aí, num depósito da Cultura. E os nossos jovens sonham muito com os libertadores da América, mas é com a Taça Libertadores da América. E, se perguntarmos aos nossos jovens, talvez eles não saibam citar um herói seu, porque a história oficial, de fato, não fala dos heróis verdadeiros; fala, na verdade, a respeito dos conquistadores, genocidas, muitas vezes, de milhões de índios na América Latina, são esses os heróis homenageados nas ruas, praças e monumentos das cidades do Brasil e da América Latina. Os verdadeiros heróis que lutaram pela libertação da América só dão título a uma copa, nós não trabalhamos nos currículos e não podemos esperar que os jovens se identifiquem com algum herói.

Então, o busto do Artigas, onde está o busto do Artigas? Implica não só encontrá-lo, Ver. Bernardino, mas encontrar um lugar para os libertadores da América terem o seu memorial, terem o seu espaço público, Ver. Tessaro. Quem sabe a Câmara de Vereadores, que é uma casa política, reconhece os libertadores da América? San Martín, José Martí, Bolívar, que foram guerreiros da libertação desses países todos. E os nossos: Zumbi dos Palmares, o próprio Artigas, que tem a ver com o gaúcho, com a nossa identidade, Ver. Bernardino, gaúcha, se encontra muito no Uruguai.

Esse é o desafio que trago para nós, porque a nossa tarefa não é fazer julgamentos de obras de arte, e sim garantir que a expressão cultural do povo brasileiro, a fruição permita que ele encontre a sua identidade, e que possamos desvelar os verdadeiros atores da história, com todos os lados, Ver. Haroldo, que possamos romper com a história oficial, branca, europeia, conquistadora, genocida, que foi sempre a história valorizada, repetida, contada e cobrada nas provas das escolas. Que a história dê voz, vez, luz, espaço e imagem aos verdadeiros heróis do povo brasileiro.

 

(Não revisado pela oradora.)

O SR. PRESIDENTE (Nelcir Tessaro): Não havendo mais nenhum Vereador inscrito para discutir a Pauta, estão encerrados os trabalhos da presente Sessão.

 

(Encerra-se a Sessão às 18h04min.)

 

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